Análise preditiva da distribuição geográfica de hantavírus no Brasil

Revista Pan-Amazônica de Saúde (RPAS)

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ISSN: 2176-6223
Editor Chefe: Isabella M. A. Mateus
Início Publicação: 02/01/2010
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências Biológicas, Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Multidisciplinar

Análise preditiva da distribuição geográfica de hantavírus no Brasil

Ano: 2013 | Volume: 4 | Número: 4
Autores: Stefan Vilges de Oliveira, Rodrigo Gurgel-Gonçalves
Autor Correspondente: Stefan Vilges de Oliveira | [email protected]

Palavras-chave: Hantavírus, Distribuição Animal, Monitoramento Ambiental, Técnicas de Estimativa, Predição, Epidemiologia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Introdução:

A síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH) é uma antropozoonose emergente que, no Brasil, apresenta elevada taxa de letalidade. Sua transmissão ocorre por meio da exposição a excretas de roedores silvestres infectados. As condições de vida e moradia no meio rural, a suburbanização, as alterações ambientais e a ocorrência dos roedores podem influenciar a transmissão do vírus. A predição da distribuição potencial dos roedores reservatórios e a análise da influência de fatores ambientais, socioeconômicos e demográficos sobre a ocorrência da SCPH podem ser úteis para identificar áreas vulneráveis e subsidiar medidas de prevenção. Objetivos: Para entender a distribuição geográfica da SCPH no Brasil objetivou-se: 1) Estimar nichos ecológicos dos roedores Necromys lasiurus e Oligoryzomys nigripes analisando os fatores ambientais relacionados às suas distribuições; 2) Comparar os nichos ecológicos de roedores sororreagentes com a distribuição de casos da SCPH; 3) Analisar indicadores epidemiológicos, socioeconômicos, demográficos e ambientais associados à distribuição dos casos humanos da SCPH no Brasil; 4) Estimar a vulnerabilidade dos municípios brasileiros para ocorrência da SCPH. Metodologia: As etapas do estudo foram: 1) Obtenção de registros dos roedores em bases de informações biológicas e os de casos da SCPH no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) (2000 a 2010); 2) Modelagem de nicho ecológico (MNE) das espécies de roedores a partir de variáveis climáticas e índice de vegetação (NDVI) usando o algoritmo Maxent; 3) Obtenção de indicadores socioeconômicos, demográficos e ambientais no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e dados de incidência da SCPH no SINAN; 4) Análise multicritério de decisão (AMD) para classificação dos municípios quanto à vulnerabilidade para ocorrência da SCPH, usando o software Pradin. As atribuições dos pesos foram ordenadas pelos decisores e levaram em consideração as respostas de uma análise de regressão, que foi realizada para verificar a força de associação com a variável incidência. Resultados: N. lasiurus apresentou ampla distribuição ecológica e geográfica no Brasil, principalmente em áreas do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Uma maior adequabilidade climática para ocorrência de O. nigripes foi observada ao longo da costa atlântica. A temperatura máxima nos meses mais quentes e a precipitação anual foram as variáveis que mais influenciaram a distribuição de N. lasiurus e O. nigripes, respectivamente. Os modelos dos roedores sororreagentes estimaram uma maior área de ocorrência de hantavírus nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, coincidindo com os locais prováveis de infecção humana da SCPH. Entretanto, áreas mais ao norte e nordeste do país também foram favoráveis para ocorrência de N. lasiurus e O. nigripes, sugerindo potencial para transmissão de hantavírus em praticamente todo território extra-amazônico no Brasil. Foram estimados como mais vulneráveis para ocorrência da SCPH os municípios das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. A maioria dos municípios das regiões Norte e Nordeste do País foi classificada como área de menor vulnerabilidade para SCPH, o que pode ter sido influenciado pela ausência de casos notificados da SCPH nessas regiões durante o período analisado ou pela não inclusão de dados de distribuição de espécies de roedores reservatórios que podem manter os hantavírus na Caatinga e Amazônia. Conclusão: Ambos os métodos empregados (MNE e AMD) buscaram, de forma complementar, o entendimento epidemiológico da SCPH e podem ser aplicados para subsidiar a vigilância da SCPH e, consequentemente, para redução da morbimortalidade desta importante zoonose no Brasil.