Aspectos prosódicos do português brasileiro: hipossegmentação de sequências com clíticos em documentos do século XIX

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ISSN: 1517-7874
Editor Chefe: Sulemi Fabiano Campos
Início Publicação: 31/05/1999
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística

Aspectos prosódicos do português brasileiro: hipossegmentação de sequências com clíticos em documentos do século XIX

Ano: 2013 | Volume: 15 | Número: 1
Autores: Elisa Battisti
Autor Correspondente: E. BATTISTI | [email protected]

Palavras-chave: português brasileiro; hipossegmentação de sequências com clíticos; documentos do século XIX

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo trata de um tipo de segmentação não convencional de palavras escritas, a hipossegmentação (ausência de espaço em branco), em sequências que envolvem ao menos um clítico (medisse, damesma, eas pessoas). Os documentos examinados são cartas pessoais (CARNEIRO, 2005) e textos de jornal (NASI, 2012) redigidos em português por brasileiros no século XIX. O objetivo do trabalho é verificar se tendências apontadas por outros dados oitocentistas (BATTISTI, 2008; 2010) apresentam-se também nesses documentos. As tendências em questão são as de a hipossegmentação ocorrer, (a) nas sequências de um clítico e hospedeiro, redominantemente com hospedeiros paroxítonos dissilábicos ou monossílabos tônicos iniciados por consoante; (b) nas sequências de dois clíticos e hospedeiro, predominantemente com os próprios clíticos; (c) com clíticos situados à esquerda do hospedeiro (adjunção do clítico para a direita). O trabalho toma como pressupostos as ideias de que (i) uma grafia não convencional como a hipossegmentação não resulta da transposição de características da fala para a escrita, é dado complexo que indicia a organização prosódica da língua (ABAURRE, 1999; TENANI, 2010); (ii) na prosodização
do clítico, seu papel gramatical junto ao hospedeiro é menos importante do que a relação dominante-dominado ou forte-fraco que entre eles se estabelece. A análise confirmou as tendências verificadas nos estudos anteriores. A adjunção à direita afeta tanto clíticos pronominais quanto não pronominais e parece consolidada no século XIX. O emprego de maiúscula no início do hospedeiro em sequências hipossegmentadas revela que os escreventes percebem o limite de palavra (naEuropa, oBarão, deSanto Amaro), evidência de que os clíticos adquirem estrutura prosódica integrando-se predominantemente à frase fonológica, não à palavra fonológica.