O presente artigo traça uma breve história da antropofagia cultural e seus desdobramentos na arte brasileira, entendendo-a como possível modo de produção artística que antecipa e afirma atuações contemporâneas globais. Ela seria, portanto, um ‘produto de exportação’ do Brasil para o mundo, como imaginado por Oswald de Andrade no Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), algo reforçado nos movimentos neoconcreto e tropicalista das décadas de 1960 e 70 e na 24ª Bienal de Artes de São Paulo em 1998. Dentro das complexidades da formulação de uma identidade nacional brasileira apresentamos também a ideia mais recente dos ‘cães sem plumas’ de Moacir dos Anjos, faceta menos ‘solar’ da brasilidade, dando lugar aos marginalizados que Hélio Oiticica também já havia trazido à cena artística dentro de sua posição ética geral em relação à sociedade brasileira.