Fronteamento de constituintes e padrões de ordenação do sujeito em carts particulares brasileiras dos séculos XIX e XX

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ISSN: 1517-7874
Editor Chefe: Sulemi Fabiano Campos
Início Publicação: 31/05/1999
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística

Fronteamento de constituintes e padrões de ordenação do sujeito em carts particulares brasileiras dos séculos XIX e XX

Ano: 2014 | Volume: 16 | Número: 1
Autores: Rafael Aguiar Moura, Marco Antonio Martins
Autor Correspondente: R. A. Moura, M. A. Martins | [email protected]

Palavras-chave: Fronteamento de constituintes e ordenação do sujeito; Português Brasileiro; Sintaxe diacrônica.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Considerando o modelo de competição de gramáticas (KROCH, 1989; 2001), segundo o qual a variação e a mudança nos domínios sintáticos constituem um processo gradual que se desenvolve via competição entre diferentes gramáticas, descrevemos e analisamos, em consonância com pressupostos da teoria gerativa, as construções com fronteamento de constituintes e com diferentes padrões de ordenação do sujeito em orações principais finitas não dependentes na diacronia do português brasileiro. O córpus se constitui de cartas pessoais brasileiras dos séculos 19 e 20 de diferentes regiões e se dividem em três períodos de tempo, correspondentes à segunda metade do século 19 (com cartas, exclusivamente, do Rio de Janeiro), à primeira metade (com cartas do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte) e à segunda metade (apenas com cartas do Rio Grande do Norte) do século 20. As cartas cariocas são oriundas do Laboratório de História do Português Brasileiro da Universidade Federal do Rio de Janeiro. As potiguares, por sua vez, integram o córpus mínimo comum manuscrito do Projeto da História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte (PHPB-RN). Observamos a natureza dos constituintes pré-verbais e o posicionamento do sujeito (anteposto ou posposto ao verbo). Os resultados mostraram que o século 19, em 49% dos dados, apresenta um constituinte pré-verbal (contíguo ou não ao verbo) que não é representado por um sujeito. Esse constituinte pré-verbal pode ser representado por um termo circunstancial locativo ou temporal que é condicionado por orações sem sujeito e orações com sujeito posposto ao verbo. Sendo assim, acreditamos que esse século mostra um indício da existência de diferentes padrões de ordenação, isto é, um padrão XV (constituinte pré-verbal não realizado por um sujeito) e um padrão SV (constituinte pré-verbal realizado por um sujeito), que começa a aumentar a partir do século 18, conforme mostraram os estudos de Coelho e Martins (2012). Seguindo a proposta de Paixão de Sousa (2004), interpretamos que tais padrões encontrados em cartas brasileiras dos séculos 19 constituem, respectivamente, um sistema V2 (instanciado pela gramática do Português Clássico) e um sistema SV (instanciado pela gramática do Português Brasileiro e do Português Europeu). No século 20, diferentemente, há um aumento dos padrões associados ao sistema SV. Portanto, defendemos que os textos do século 19 refletem um processo de competição entre diferentes gramaticais – PC, PB e PE – e os textos do século 20 refletem um quadro mais estabilizado com um padrão do sistema SV.