Microbiota intestinal e doença gordurosa hepática

Revista Brasileira De Nutrição Funcional

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Início Publicação: 30/04/2010
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Nutrição

Microbiota intestinal e doença gordurosa hepática

Ano: 2018 | Volume: 37 | Número: 72
Autores: S. M. Ferolla
Autor Correspondente: S. M. Ferolla | [email protected]

Palavras-chave: doença hepática gordurosa não alcoólica; esteato-hepatite não alcoólica; eixo intestino-fígado; microbiota; endotoxina; permeabilidade intestinal; probióticos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma epidemia mundial. Esta entidade clínica está intimamente relacionada
com a síndrome metabólica e a obesidade. Abrange um espectro de condições, incluindo esteatose hepática macrovesicular benigna,
esteato-hepatite não alcoólica (NASH), que pode progredir para fibrose, cirrose e até mesmo carcinoma hepatocelular. A hipótese de
"múltiplos golpes/gatilhos" foi proposta para explicar sua patogênese: o “primeiro gatilho” é a resistência à insulina, determinando o
acúmulo de lipídios no tecido hepático; outros fatores, como dieta, citocinas inflamatórias, genéticos e microbiota intestinal, podem atuar
como “gatilhos subsequentes”, implicados na progressão do dano hepático, levando a formas mais graves de inflamação e fibrose. Neste
sentido, alterações na microbiota intestinal, presença de produtos bacterianos e aumento de permeabilidade intestinal desempenham
papel central na patogênese da doença. Disbiose e permeabilidade intestinal aumentada podem promover a translocação de bactérias
e produtos bacterianos na circulação portal, induzindo inflamação por meio de sinalização de receptores do tipo toll nos hepatócitos,
levando à progressão de esteatose simples para NASH. Dentre os mecanismos destacam-se: o papel do acetato na lipogênese e na síntese
de gordura no fígado; a capacidade de certas bactérias da microbiota de inibir o fator adiposo induzido por jejum e a proteína quinase
ativada por adenosina e monofosfato; o papel do receptor X do farnesoide, um fator de transcrição nuclear ativado por ácidos biliares
modificados quimicamente por enzimas de microbiota intestinal; a elevação do etanol sintetizado endogenamente por bactérias. O
melhor entendimento do eixo intestino-fígado na fisiopatologia da DHGNA é importante para identificar novas abordagens terapêuticas
nesses pacientes. Esta revisão discute o uso de pré e probióticos no tratamento da DHGNA e sua eficácia como recurso terapêutico
emergente para tratar essa doença.



Resumo Inglês:

Non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD) is a worldwide epidemic. This clinical entity is closely related to the metabolic syndrome and
obesity. NAFLD encompasses a spectrum of conditions including benign macrovesicular hepatic steatosis, non-alcoholic steatohepatitis
(NASH), which may progress to fibrosis, cirrhosis, and even hepatocellular carcinoma. A “multiple-hit” hypothesis has been invoked to
explain its pathogenesis: the “first hit” is insulin resistance, which determines hepatic lipid accumulation; other factors, such as diet,
inflammatory cytokines, genetic factors and gut microbiota, may act as “second hits”, implicated in liver damage progression leading
to more severe forms of inflammation and hepatic fibrosis. In this regard, changes in the intestinal microbiota, presence of bacterial
products, and changes in the intestinal barrier seem to play an important role. Dysbiosis and increased gut permeability may promote
the translocation of bacteria and bacterial products into the portal circulation, inducing inflammation by signaling toll-like receptors
in hepatocytes, leading to progression from simple steatosis to NASH. Among the mechanisms are: the role of acetate in lipogenesis and
cholesterol synthesis in the liver; the ability of certain bacteria in the microbiota to inhibit fasting-induced adipose factor and adenosine
and monophosphate-activated protein kinase; the role of the farnesoid X receptor, a nuclear transcriptional factor activated by bile acids
chemically modified by gut microbiota enzymes; and the elevation of ethanol endogenously synthesized by bacteria. The elucidation
of gut-liver axis derangement and its role in the development of NAFLD is interesting to identify new therapeutic approaches in these
patients. This systematic review discusses the use of pre and probiotics in the treatment of NAFLD and its efficacy as an emerging
therapeutic resource to treat this disease.