O contrato de dominação

Meritum

Endereço:
Rua Cobre, 200 - Cruzeiro
Belo Horizonte / MG
30310-190
Site: http://www.fumec.br/revistas/meritum
Telefone: (31) 3228-3110
ISSN: 1980-2072 (Impressa)
Editor Chefe: Prof. Sérgio Henriques Zandona Freitas
Início Publicação: 01/06/2006
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Direito

O contrato de dominação

Ano: 2013 | Volume: 8 | Número: 2
Autores: Charles W. Mills
Autor Correspondente: Charles W. Mills | [email protected]

Palavras-chave: contrato de dominação, contrato hegemônico, contrato social

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Para abordar a história de subordinação racial e de
gênero, é necessário repensar como fazemos teoria política.
Assim, o objetivo consiste em uma análise da tradição revisionista
do contrato e de sua transformação em uma teorização da justiça
racial e de gênero. Meu argumento é de que o conceito de
“contrato de dominação” pode ser empregado de forma produtiva
para superarmos os descaminhos dos pressupostos gerais da
teoria hegemônica do contrato social e, assim, termos melhores
condições de lidar com as questões prementes de uma teoria “não
ideal” que, longe de ser marginal, de fato determina o destino
da maioria da população. É revolucionário o entendimento que
considera que a assertiva mais significativa da teoria do contrato
social seja a de que a sociedade política é um construto humano,
e não um desenvolvimento orgânico. Argumento que essa
significância revolucionária ainda não foi valorizada e explorada
em sua plenitude. Entendendo até onde vai a “construção”,
podemos reconhecer que esse discernimento também se aplica ao
gênero e à raça. Quando se reconhece quão proteano o contrato
historicamente tem se apresentado e quão fundamental do ponto
de vista político é sua visão da criação humana de sociedade e
de nós mesmos como seres sociais, consegue-se compreender
que seu emprego conservador é resultado não de seus aspectos
intrínsecos, mas do seu uso por um grupo privilegiado de homens
brancos hegemônico na teoria política que tem tido nenhuma
motivação para extrapolar a sua lógica.



Resumo Inglês:

In order to discuss the history of racial and gender
subordination, one needs to rethink how we do political theory.
So the purpose is to conduct a review of the contract’s revisionist
tradition and turn it to the theorization of gender and racial justice. My claim will be that the concept of a “domination
contract” can be fruitfully employed to overturn the misleading
framework of assumptions of mainstream social contract theory,
thereby better positioning us to tackle the pressing issues of “nonideal
theory” that, far from being marginal, in fact determine
the fate of the majority of the population. The understanding
that the most significant claim of social contract theory is that
political society is a human construct and not an organic growth
is indeed revolutionary. I argue that indeed its full revolutionary
significance has yet to be fully appreciated and exploited. For
once we understand how far the “construction” extends, we will
recognize that it can be shown to apply to gender and race also.
Once one recognizes how protean the contract has historically
been, and how politically pivotal is its insight of the human
creation of society and of ourselves as social beings, one should
be able to appreciate that its conservative deployment is a result
not of its intrinsic features, but of its use by a privileged white
male group hegemonic in political theory who have had no
motivation to extrapolate its logic.