O fim do mundo ainda demora: novas missivas em nome de Jacques Derrida, a partir da literatura

Odisseia

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ISSN: 1983-2435
Editor Chefe: Samuel Anderson de Oliveira Lima e Marcelo da Silva Amorim
Início Publicação: 31/07/2008
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística

O fim do mundo ainda demora: novas missivas em nome de Jacques Derrida, a partir da literatura

Ano: 2023 | Volume: 8 | Número: 2
Autores: Fabio Pomponio Saldanha
Autor Correspondente: Fabio Pomponio Saldanha | [email protected]

Palavras-chave: Jacques Derrida, luto, Fim do Mundo, escrita da perda

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo tem três movimentos concomitantes, que buscam se relacionar a partir de uma não sobreposição entre teoria e prática, quando da análise de excertos literários em torno de escritas do luto. Em um primeiro momento, apresentam-se pressupostos derridianos em torno do fim do mundo, não como uma categoria total, ou seja, o Mundo, mas sim de uma equalização segundo a qual, a partir da morte de uma pessoa amada, se chega ao fim de um mundo, específico. Nesse instante, pensa-se, correlato ao primeiro movimento, o segundo, que apresenta certas passagens de O ano do pensamento mágico, de Joan Didion, e Aos prantos no mercado, de Michelle Zauner, de modo tanto a conseguir dar continuidade ao pensamento derridiano, quanto complicá-lo, colocar outras tantas questões à equalização do momento anterior. Por fim, sugere-se o oposto, a partir da noção segundo a qual se entende que o Mundo, quando descrito como um só, é uma versão eurocentrada e Moderna do mesmo, tendo como ápice o Antropoceno, vendo no fim do Mundo uma ideia positiva, bem-vinda, por colocar como fim também a experiência colonial, racista, que sustenta o projeto de Modernidade. Esse movimento é amparado pela obra de Jennette McCurdy, I'm glad my mom died, antes do fim do texto, que arremata os movimentos anteriores e tenta, assim, pensar o fim do mundo como uma chave interpretativa dos vivos, de si para si.



Resumo Inglês:

The essay has three parallel movements, which seek to relate a non-overlap between theory and practice, when analyzing literary excerpts around mourning writings. At first, Derrida's assumptions around the end of the world are presented, not as a unified category, that is, the World, but rather as an equalization according to which, from the death of a loved one, one arrives at the end of a world, specifically. At that moment, it is presented, along the first movement, the second one, which shows certain passages from The year of magical thinking, by Joan Didion, and Crying in H Mart, by Michelle Zauner, in such a way as to manage some continuity to the Derridian thought, along some ways to complicate it, proposing some questions to the equalization of the previous movement. Finally, the opposite is suggested, based on the notion according to which it is understood that the World, when described as one, is a Eurocentric and Modern version of the word, having the Anthropocene as its apex, and seeing in the end of the World a positive idea, a welcome one, as it puts the colonial, racist experience, that sustains the project of Modernity, to an end. This movement is supported by the work of Jennette McCurdy, I'm glad my mom died, before the essay's conclusion, which completes the previous movements and thus tries to think of the end of the world as an interpretive key for the living, from themselves to themselves.