Trabalho noturno e risco cardiovascular em funcionários de universidade pública

Revista Da Associação Médica Brasileira

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Telefone: (11) 3178 6802
ISSN: 1044230
Editor Chefe: Bruno Caramelli
Início Publicação: 31/12/1957
Periodicidade: Bimestral
Área de Estudo: Medicina

Trabalho noturno e risco cardiovascular em funcionários de universidade pública

Ano: 2012 | Volume: 58 | Número: 2
Autores: Adriano Marçal Pimenta, Gilberto Kac, Rafaela Rocha Campos e Souza, Luciana Maria de Barros Almeida Ferreira, Salete Maria de Fátima Silqueira
Autor Correspondente: Adriano Marçal Pimenta | [email protected]

Palavras-chave: Trabalho noturno, fatores de risco, doenças cardiovasculares, saúde pública, enfermagem.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Objetivo: Estimar a associação entre trabalho noturno e alto risco cardiovascular. Métodos: Estudo
transversal desenvolvido com 211 trabalhadores de ambos os sexos, idades entre 30 e 64 anos, do
campus saúde de uma universidade pública do estado de Minas Gerais. O trabalho noturno foi definido
como período laboral entre 19h e 7h, e o alto risco cardiovascular foi baseado no escore de Framingham.
A associação entre trabalho noturno e alto risco cardiovascular foi estimada pela razão de prevalência
(RP) e seu intervalo de confiança de 95% (IC 95%), ajustada por potenciais fatores de confusão e calculada
por meio da regressão de Poisson. Resultados: O trabalho noturno era exercido por 38,4%, e o
alto risco cardiovascular foi diagnosticado em 28% da amostra. A hipertensão foi mais prevalente nos
trabalhadores noturnos em comparação aos diurnos (p < 0,05). Na análise bivariada, trabalho noturno,
categorias passivo e alta exigência da escala de demanda-controle do trabalho, tempo no trabalho
> 120 meses, escolaridade ≥ 9 anos, renda familiar ≥ 6 salários-mínimos, obesidade abdominal nível 2 e
níveis de triglicérides ≥ 150 mg/dL se associaram ao alto risco cardiovascular (p < 0,05). Após a análise
multivariada, o trabalho noturno se manteve associado independentemente ao alto risco cardiovascular
(RP = 1,67; IC 95% = 1,10-2,54). Conclusão: A prevalência do elevado risco cardiovascular foi 67% maior
entre os trabalhadores noturnos. Essa associação deve ser considerada nas discussões sobre promoção da
saúde do trabalhador com relação às modificações no processo de trabalho.



Resumo Inglês:

Objective: To estimate the association between night-shift work and high cardiovascular risk. Methods:
Cross-sectional study carried out with 211 workers of both genders, aged between 30 and 64 years,
working on the health campus of a public university in the state of Minas Gerais, Brazil. Night-shift
work was defined as a work shift between 7 pm and 7 am, and high cardiovascular risk was calculated
based on the Framingham score. The association between night-shift work and high cardiovascular risk
was estimated by the prevalence ratio (PR) and its 95% confidence interval (95% CI) after adjusting
for potential confounding factors, calculated by Poisson regression. Results: Night-shift work was performed
by 38.4% of the individuals, and high cardiovascular risk was diagnosed in 28% of the sample.
Hypertension was more prevalent among night-shift compared with day-shift workers (p < 0.05). In the
bivariate analysis, night-shift work, passive and high job strain categories at the demand-control scale,
work time > 120 months, schooling ≥ 9 years, family income ≥ 6 minimum wages, level 2 abdominal
obesity, and triglyceride levels ≥ 150 mg/dL were associated with high cardiovascular risk (p < 0.05). After
multivariate analysis, night-shift work remained independently associated with high cardiovascular risk
(PR = 1.67; 95% CI = 1.10-2.54). Conclusion: The prevalence of high cardiovascular risk was 67% higher
among night-shift workers. This association should be considered when discussing the promotion of
workers’ health regarding changes in the work process.