A UNIDADE DA FILOSOFIA E A PLURALIDADE DE CORRENTES FILOSÓFICAS: EXPRESSÃO DA POTENCIALIDADE CRIADORA DO PENSAMENTO, PROVA DE AUTODESQUALIFICAÇÃO DA FILOSOFIA OU PROBLEMA SOLÚVEL/INSOLÚVEL?

Síntese

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ISSN: 2176-9389
Editor Chefe: Luiz Carlos Sureki
Início Publicação: 31/12/1973
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Filosofia

A UNIDADE DA FILOSOFIA E A PLURALIDADE DE CORRENTES FILOSÓFICAS: EXPRESSÃO DA POTENCIALIDADE CRIADORA DO PENSAMENTO, PROVA DE AUTODESQUALIFICAÇÃO DA FILOSOFIA OU PROBLEMA SOLÚVEL/INSOLÚVEL?

Ano: 2022 | Volume: 49 | Número: 154
Autores: Lorenz Bruno Puntel
Autor Correspondente: Lorenz Bruno Puntel | [email protected]

Palavras-chave: Correntes filosóficas. Unidade da filosofia. Quadro referencial teórico. Verdade. Graus de verdade. Teoreticidade. Coerência. Rigor teórico. Processo dinâmico.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O tema da pluralidade de correntes filosóficas sempre ocupou a filosofia desde seu início. Hoje ele tem uma atualidade extraordinária devido ao fato inegável de que a filosofia está presente em todos os países dotados de uma cultura e língua com caráter suprarregional. Com exceção de alguns exímios filósofos como Hegel e Heidegger, o tópico foi em geral ignorado e/ou é apenas parcial e inadequadamente abordado. O presente ensaio propõe-se elaborar as grandes linhas de uma tematização sistemática deste complexo fenômeno. Na seção 1 é apresentada uma breve caracterização das mais importantes posturas na filosofia atual a respeito da pluralidade de correntes filosóficas. As três posturas, às quais todos os posicionamentos vigentes podem ser reduzidos, são as indicadas no título do ensaio. O resultado de uma consideração crítica destas posturas consiste na tese de que somente a terceira postura, segundo a qual a unidade da filosofia em meio à pluralidade de correntes filosóficas representa um problema solúvel ou insolúvel, pode ser considerada uma concepção coerente e bem fundada. Tal posicionameno, porém, não exclui a aceitação de certos elementos da primeira e da segunda pos­turas. Na seção 2 são delineados os fundamentos para uma solução positiva do problema. Estes se centralizam no conceito de quadro referencial teórico com a tese subsequente de que existe uma pluralidade de quadros referenciais teóricos. Na seção 3 vem exposto o esboço de uma solução positiva, resultado da tematização das relações entre os diferentes quadros referenciais teóricos. São apresentadas e fundamentadas três teses. A primeira recorre ao conceito de verdade elaborado na filosofia estrutural sistemática e, nesta base, adquire a seguinte formulação: a cada quadro teórico bem formado e constituído corresponde um determinado grau de verdade. A segunda tese reza: quadros referenciais teóricos bem forma­dos e constituídos formam uma hierarquia a partir dos critérios de teoricidade, inteligibilidade, coerência, abertura temática ilimitada e rigor expositivo. Por fim, a terceira tese articula uma consequência metódica e programática de longo alcan­ce: uma tarefa preliminar e essencial da filosofia consiste em elaborar o quadro teórico de maior rigor teórico, mais inteligível, mais coerente e de maior abertura temática possível. O resultado não consiste na pretensão ingênua de elaborar um quadro teórico supremo e absoluto, nem mesmo o de atingir uma verdade cabal e definitiva. Este não é o ideal da filosofia. Na conclusão, resume-se brevemente o corolário geral das considerações feitas no ensaio: a unidade da filosofia não é uma grandeza fixa, estática e abstrata; ao contrário, constitui uma grandeza dinâ­mica e processual; além disso, o caráter real da filosofia dá-se somente como um processo de autodeterminação através das suas fases históricas concretizadas nas figuras chamadas de correntes filosóficas.