A parábola bíblica que narra o retorno do Filho Pródigo evoca questões sobre alteridade, luxúria, amor e reconciliação. Essas características se estendem na estrutura do romance Lavoura arcaica (1975), de Raduan Nassar, bem como do filme homônimo de Luiz Fernando Carvalho (2001). Este artigo é um estudo comparativo entre o texto religioso, o romance e o longa-metragem, com o objetivo de analisar o primeiro diálogo entre pai e filho em um processo que resulta em perdão e tragédia familiar. No âmbito literário brasileiro, o exame do filme evidencia, por um lado, desdobramentos de contrastes dialógicos, ângulos sacros e luzes em chiaroscuro, que traduzem a palavra em audiovisual. Por outro ângulo, revela os conflitos íntimos dos personagens e suas transformações ao longo do percurso que os levaram àquele encontro: retorno e comunhão lavrados em sangue. O referencial teórico se fundamenta em Mikhail Bakhtin e Giorgio Agamben, Silva Junior e Gandara.
The bible parable narrating the prodigal son’s return evokes on us matters about alterity, lust, love, and reconciliation. This seed made word found a fertile soil in the novelesque structure of Lavoura Arcaica (1975), written by Raduan Nassar, which generated the homonymous fruit-film directed by Luiz Fernando Carvalho, in 2001. In this paper we put forward a comparative study among the religious text, the novel and the feature film, with the goal to analyse the first dialogue between Iohána (the father) and André (the son) after the return home of the former, in a process that, although festive, entails a tragic factor. The theoretical reference is based in Mikhail Bakhtin and Giorgio Agamben. The obtained results show how a collective translation multiplies itself in dialogical contrasts, sacred angles and clear lights to project the word in the Brazilian literary cinema. All this revealing the intimate conflict of the characters and their transformations along the way leading to that encounter: return and communion embed in the blood of a party that engenders death.