Trata-se de compreender o projeto em História da Loucura na Idade Clássica [1961] como um élan à trajetória intelectual de Foucault, a qual problematiza a racionalidade das nossas relações com o Outro da cultura ocidental, isto é, com aquele que reside historicamente no não dito. Para tanto, torna-se necessário discutir as implicações sociais a partir da oposição entre o normal e o patológico, de modo a ressaltar uma questão fundamental em sua tese de 1961, a saber: de que maneira o louco, como representante de uma das experiênciaslimite problematizadas por Foucault, passou a ser concebido como o Outro a ser recusado pela racionalidade ocidental. Desse modo, por meio de sua análise histórico-filosófica e da demonstração da crescente subordinação da loucura à razão – a partir da qual se torna possÃvel a emergência da loucura e de suas redes de controle social –, trata-se de evidenciar de que modo o homem, como um objeto fictÃcio de si, aparece como uma problematização já em seus primeiros escritos. Às voltas com as embrionárias reflexões e problematizações das (não) relações que se tem com os saberes sujeitados da cultura ocidental, confere-se a contribuição de Michel Foucault à filosofia contemporânea, em sua tarefa crÃtica do pensamento que implica a arte de não ser governado pela verdade em sentido a-histórico.
This article is about understanding the project in Histoire de la Folie à l’âge Classique [1961] as an élan of the intellectual trajectory of Foucault, which discuss the rationality of our relations with the Other of Western culture, i.e. one that resides historically in the silence. For this, it becomes necessary to discuss the social implications from the opposition between the normal and pathological, to highlight a key issue in Foucault’s thesis of the 1961: how the madman as a representative of the limit experiments problematized by Foucault, has come to be conceived as the Other to be rejected by Western rationality. Thus, through its historical-philosophical analysis and demonstration of the increasing subordination of madness to reason – from which it makes possible the emergence of madness and their networks of social control – it’s demonstrate how man, as a fictional object itself appears as a problematic already in Foucault’s early writings. To the turns with the embryonic reflection about of (non) relationship which has been with subjected knowledge of Western culture, gives the contribution of Michel Foucault to contemporary philosophy, in his critical task of thought that involves the art of not being governed for truth in no sense historical.