Tem sentido um discurso sobre a “ternura†no âmbito teológico? Em que sentido e por que poderia ser considerada a “ternura†um novo paradigma teológico para nosso tempo? É coerente num mundo ferido pela violência, a injusta distribuição dos bens, o abuso do poder e a incapacidade de relacionar-nos como uma fraternidade humana, a pretensão de pôr no centro de nosso discurso sobre Deus, sobre o ser humano e sobre o encontro entre ambos, algo como a ternura? É factÃvel? E se fosse, que condições deveria cumprir para isto? É impossÃvel nos estreitos limites de um artigo o intento de dar resposta a todas estas interrogações. Por isso, o que o leitor encontrará nestas páginas serão tão somente umas pinceladas que tratam, em primeiro lugar, de estabelecer o marco que legitima nosso intento e as condições de possibilidade que o fariam viável. E em segundo lugar, pretendemos mostrar a riqueza deste conceito desde a perspectiva antropológica assim como sua valência teologal, centrando-nos na capacidade particular da experiência de ternura de mediar o acesso do ser humano a Deus assim como o de Deus ao ser humano.