A Ética da crença: uma defesa moderada da posição indiciária

Revista Sofia

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ISSN: 2317-2339
Editor Chefe: José Renato Salatiel
Início Publicação: 01/08/2012
Periodicidade: Bianual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Filosofia

A Ética da crença: uma defesa moderada da posição indiciária

Ano: 2018 | Volume: 7 | Número: 1
Autores: Eros Moreira de Carvalho
Autor Correspondente: Eros Moreira de Carvalho | [email protected]

Palavras-chave: A ética da crença, Justificação epistêmica, Agência epistêmica, William Clifford, William James.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste artigo, articulo e critico os dois principais argumentos apresentados por Clifford
em favor da norma de que é ilegítimo crer com base em evidência insuficiente. O primeiro
argumento apela para o valor instrumental da crença, e o segundo apela para o nosso interesse
intrínseco na verdade. Ambos os argumentos trazem à tona a relevância de fatores morais e sociais
para a determinação de normas da crença. Eu sustento que o primeiro argumento é insuficiente
para estabelecer a norma de Clifford em geral. Crenças que não são meios para ações ficam de fora
do escopo do primeiro argumento. O segundo argumento tem um alcance mais abrangente.
Contudo, ele pode ser bloqueado se o agente segue uma norma intelectualista que visa insular as
crenças injustificadas do restante da sua vida cognitiva e ativa. É uma questão empírica se agentes
humanos são capazes de seguir essa norma. Defendo uma reformulação da norma de Clifford,
incluindo alguns parâmetros que influenciam a suficiência dos indícios. Por fim, fatores morais ou
prudenciais podem afetar a legitimidade da crença. É legítimo crer sem indícios suficientes apenas
em casos especiais, quando o agente insula a crença injustificada, ou quando o bem que advém
da crença sobrepuja os malefícios da credulidade.



Resumo Inglês:

In this paper, I articulate and discuss Clifford’s two main arguments in favor of the
norm which renders illegitimate those beliefs which are based on insufficient evidence. The first
argument appeals to the instrumental value of belief, and the second appeals to our intrinsic interest
in truth. Both arguments bring to the fore the relevance of moral and social factors to determine
norms for belief. I maintain that the first argument is insufficient to establish Clifford’s norm in
general. Beliefs that are not a means to an action fall outside the scope of the first argument. The
second argument has a wider scope. However, it can be undermined if the agent follows an
intellectualized norm that aims to protect the rest of her cognitive and active life from her unjustified
beliefs. It’s an empirical matter whether a human agent is able to follow this norm. I defend the
claim that Clifford’s norm should be reformulated, including some parameters that have influence
on the sufficiency of evidence. Finally, prudential and moral factors can affect the legitimacy of
belief. It’s legitimate to believe without sufficient evidence only in special cases, when the agent
insulates the unjustified belief, or when the good that results from believing surpasses the harms
yielded by credulity.