Este artigo apresenta resultados de pesquisa na qual foram ouvidos 15 portadores do
HIV/Aids que receberam apoio psicossocial após descobrirem ser soropositivos. A técnica para a
interpretação dos dados foi a análise de discurso, por meio da qual se averiguou nas falas: i) se
havia registro de preconceito por serem contaminados com o vÃrus; ii) se sentiam-se agentes
poluÃdos e poluidores; iii) se esse registro era abstraÃdo pelos próprios portadores ou se advinha
de uma leitura externa perpassada pelo mesmo; e iv) se esse apontamento era diferenciado na
percepção de mulheres e de homens. A discussão teve como foco as questões de gênero, os
processos de socialização, as moralidades dominantes e os enfrentamentos morais, imbricadas
no processo de adoecimento e examinadas à luz dos referenciais teóricos da bioética de
intervenção. O estudo permitiu concluir que o preconceito em relação à doença persiste,
acentuando a dificuldade desses pacientes em alcançar uma vida digna.