‘DIZER A VERDADE’: UMA MISSÃO IMPOSSÍVEL PARA A HISTORIOGRAFIA?

Revista História do Direito

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ISSN: 2675-9284
Editor Chefe: Ricardo Marcelo Fonseca
Início Publicação: 31/12/2020
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História, Área de Estudo: Direito

‘DIZER A VERDADE’: UMA MISSÃO IMPOSSÍVEL PARA A HISTORIOGRAFIA?

Ano: 2020 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Pietro Costa
Autor Correspondente: Pietro Costa | [email protected]

Palavras-chave: Verdade na historiografia; Negacionismo; Papel civil da historiografia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Há pelo menos dois séculos o historicismo é o horizonte em que se desenvolve a formação cultural no ocidente. Portanto, deveria ser relativamente simples compreender de que modo a historiografia apresenta os seus próprios objetos. Porém, estilos de pensamento que nos parecem óbvios e garantidos são na realidade plenos de incertezas, aporias e perguntas não respondidas pelos próprios especialistas da área. Assim, podemos perguntar se se pode reclamar da historiografia a “verdade” sobre o passado ou se essa pretensão é o fruto de uma ilusão já superada. O objetivo desta intervenção é chamar a atenção sobre a importância epistemológica (e talvez, ético-política) dessas perguntas, ainda que com consciência das dificuldades de chegar a soluções unívocas e satisfatórias. Então, esta investigação retoma a aspiração rankeana de apenas mostrar como as coisas realmente aconteceram, aborda os impactos da linguistic turn, a tradição hermenêutica e a controvérsia sobre o papel narrativo da história entre White e autores como Momigliano e Ginzburg. Partindo da semelhança entre as tarefas do juiz e do historiador, o trabalho se utiliza do “negacionismo” para evidenciar o difícil desafio da historiografia, que pode adquirir não apenas um valor cognitivo, mas também “civil”.



Resumo Inglês:

Historicism has been the horizon for western cultural formation for at least the past two centuries. Therefore, it should be relatively simple to understand how historiography presents its own objects. However, reasoning styles that seem obvious and guaranteed are in reality full of uncertainties, aporias, and unanswered questions by the experts in this field. Thus, we can ask whether is it possible to claim the “truth” about the past from historiography or if this claim is the result of an illusion that has already been overcome. The purpose of this intervention is to draw attention to the epistemological (and perhaps, ethical-political) importance of these questions, albeit aware of the difficulties of reaching univocal and satisfactory solutions. Therefore, this investigation analyses the Rankean aspiration of only showing what actually happened and addresses the impacts of the linguistic turn, the hermeneutic tradition and the controversy over the narrative role of history between White and authors like Momigliano and Ginzburg. Eventually, based on the similarity between the tasks of the judge and the historian, this research addresses “negationism” to highlight the difficult challenge of historiography, which can acquire not only a cognitive but also a “civil” value.