Nos três anos seguintes à Revolução Cubana, o sistema de mídia em Cuba passou por uma profunda mudança – de sistema de mídia comercial para um sistema socialista de mídia controlado pelo Estado. Nesse sistema, o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (ICAIC) e o Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT) monopolizaram a distribuicão de material cultural produzido para defender os ideais revolucionários. A chegada de novas tecnologias nas duas últimas décadas, em grande parte sem regulação pelo Estado, está abrindo lentamente formatos alternativos ao sistema estatal. Este artigo analisa essas mudanças e discute o que elas significam para o consumo de material informativo e de entretenimento em Cuba. Explica o crescimento do mercado de consumo cultural alternativo na ilha, concentrando-se no Paquete Semanal (Pacote Semanal) como o exemplo mais popular de distribuição e consumo cultural seguindo uma lógica alternativa. Pesquisadores cubanos sugerem que a atratividade do Paquete é baseada na diversidade, na qualidade e na autenticidade do seu conteúdo em comparação com a televisão estatal. Sua rede de produção e distribuição é descentralizada, opera com status não regulamentado, ou “a-legal”, e tem objetivo comercial, possivelmente empregando milhares de pessoas. Os autores argumentam que, dada a popularidade do Paquete, o produto tem implicações importantes para a preservação dos fundamentos ideológicos socialistas do governo cubano e do modus operandi dos meios de comunicação no país.