Neste artigo, discuto a consolidação da imagem de Chiquinha Gonzaga, personagem central para a história do choro carioca. As disputas travadas no processo de construção de sua memória têm raízes profundas no projeto político de branqueamento da população brasileira, iniciado no contexto do pós-abolição. As representações históricas de Chiquinha Gonzaga podem revelar aspectos fundamentais para a compreensão do racismo brasileiro que endossa o branqueamento de personagens negros da nossa história. Para refletir sobre os silêncios a respeito da negritude de Chiquinha, analiso as interpretações da personagem por atrizes brancas no teatro e na TV. O silêncio sobre a sua negritude será discutido à luz das recentes lutas pós-coloniais que têm estimulado revisões do passado, disputando narrativas e propondo reformulações epistemológicas que reivindicam uma escrita produzida nos marcos da experiência colonial.