Procuramos colocar em discussão, neste trabalho, alguns olhares já lançados sobre o tema da narrativa e suas relações com o ofício do historiador e com a prática do escritor. No primeiro momento, buscamos identificar algumas características que podem ser apontadas como “armadilhas” no exercício da narrativa que o historiador constrói com seu texto. Dialogamos, ainda, com os conceitos de “enredo” e de “ficção”, assim como com as teses de Hayden White sobre os trópicos do discurso. No segundo momento, problematizamos um conjunto de traços presentes em certas narrativas constituídas (intencionalmente ou não) por lacunas, falácias e sofismas que funcionam como uma espécie de “armadilha”, enfraquecendo ou subvertendo a compreensão da realidade e alimentando preconceitos. Para tanto, nos aproximamos das reflexões do historiador francês Raoul Girardet e do filósofo italiano Umberto Eco.
We seek to put into discussion, in this paper, some looks already launched on the subject of the narrative and its relations with the job of the historian and the exercise of the writer. In the first moment, we tried to identify some characteristics that can be pointed as "traps" in the exercise of the narrative that the historian builds with their text. We also dialogue with the concepts of "emplotment" and "fiction", as well as with Hayden White's theses on the tropics of discourse. In the second moment, we criticize a set of features present in certain narratives formed (intentionally or not) by gaps, fallacies and sophistries that function as a kind of "trap", weakening or undermining the comprehension of reality and feeding prejudices. To achieve that, we consider reflections made by the french historian Raoul Girardet and the italian philosopher Umberto Eco.