No contexto social, econômico, polÃtico e cultural, situado entre o momento de
ruptura do sistema escravista e a formação do mercado de trabalho capitalista na cidade de
São Paulo, final do século XIX e inÃcio do século XX, a discriminação e marginalização da
população negra já se manifestava abertamente. No afã de constituir uma sociedade
europeia nos trópicos, os esforços empreendidos pela elite branca paulista implicavam a
marginalização e a desqualificação cultural da população negra, significando negativamente
seu legado cultural. ExcluÃda dos processos sociais em desenvolvimento e afastada dos
meios que possibilitariam sua inserção e ascensão social, essa população negra gestou
inúmeras formas de resistência e de afirmação de sua identidade. Dentre essas
manifestações, ganha relevo o Samba Paulista enquanto manifestação cultural que conflita
com os valores e ideais estabelecidos pelas elites dominantes. Ele representa uma
inequÃvoca demonstração de resistência ao imperativo social (escravagista) de redução do
corpo do negro a uma máquina produtiva da mesma forma como é afirmação de
continuidade do universo cultural negro-africano.