O presente trabalho propõe discutir a construção de estereótipos através do discurso em religiões afro-brasileiras. O uso de matérias que apresentem a religiosidade como próxima de farras, relacionando-a com sacrifícios humanos, assassinatos e outros atos de violência, não é ao acaso. Trata-se de uma construção discursiva de poder, presente de forma amiúde no Jornal do Commercio durante os anos de 1940 a 1960. O objetivo é problematizar os impactos negativos e os estereótipos que os títulos trazem, desconstruindo as religiões, pois os editores apresentam o que acham sobre a religião, e não o que ela é, criando narrativas que induzem o leitor a associar as religiões afro-brasileiras à violência. O processo metodológico consiste na análise de quatro publicações do periódico Jornal do Commercio, considerando seus títulos e conteúdo de acusação às religiões afro-brasileiras. Para aporte teórico, recorre-se a José D'Assunção Barros (2021), Michel Foucault (2011) e Roberta Peixoto (2021). Compreende-se que o aspecto discursivo carrega consigo o interesse em reduzir os sujeitos a como são descritos, sendo impedidos de replicarem ou dialogarem contra as acusações que são direcionadas aos membros dessas religiões.
The present work aims to discuss the construction of stereotypes through discourse in Afro-Brazilian religions. The use of articles that portray religiosity as close to revelry, relating it to human sacrifices, murders, and other acts of violence, is not by chance. It is a discursive construction of power, frequently present in the Jornal do Commercio during the years 1940 to 1960. The objective is to problematize the negative impacts and stereotypes that the headlines bring, deconstructing the religions, as the editors present what they think about the religion, and not what it is, creating narratives that induce the reader to associate Afro-Brazilian religions with violence. The methodological process consists of analyzing four publications from the Jornal do Commercionewspaper, considering their titles and content accusing Afro-Brazilian religions. For theoretical support, we turn to JoséD'Assunção Barros (2021), Michel Foucault (2011), and Roberta Peixoto (2021). I understand that the discursive aspect carries with it the interest in reducing subjects to how they are described, being prevented from replicating or dialoguing against the accusations directed at the members of these religions.
