Objetivando compreender a mobilização visando à construção do eleitor no período inicial da experiência democrática, ou seja, a construção de um interesse pelo ato de votar no momento de retorno das eleições, de criação de partidos políticos nacionais e de ampliação significativa do eleitorado inscrito, o presente artigo analisa a atuação de agentes específicos nesse trabalho de mobilização: a Igreja Católica, a Liga Eleitoral Católica e a imprensa católica. O estudo tem como recorte espacial o Rio Grande do Sul e como fontes os jornais Correio Rio-Grandense e Jornal do Dia, bem como o Unitas – boletim da província eclesiástica do Rio Grande do Sul. Para tais agentes, nesse momento de ampliação da participação eleitoral, como deveria se comportar o eleitor católico? Quais sentidos eram atribuídos ao ato de votar? A construção do eleitor católico é impelida com base em um discurso marcadamente anticomunista, articulado às estratégias de posicionamento da Igreja perante o Estado e às práticas de mobilização do clero e da Liga Eleitoral Católica visando ao alistamento e ao voto.