“DIVIDIR PARA IMPERAR?”: UMA ETNOGRAFIA DA PRODUÇÃO DE TERRITÓRIOS INDÍGENAS NO LESTE MATO-GROSSENSE
Vivência: Revista de Antropologia
“DIVIDIR PARA IMPERAR?”: UMA ETNOGRAFIA DA PRODUÇÃO DE TERRITÓRIOS INDÍGENAS NO LESTE MATO-GROSSENSE
Autor Correspondente: L. R. Paula | [email protected]
Palavras-chave: Terras indígenas, Conflitos fundiários, Funai, Política indigenista, Xavante
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
Expulsos de seus territórios de maneira violenta, perversa e arbitrária entre as décadas de 30 e 50 do século passado, os diversos grupos locais xavante que constituem a “Sociedade Xavante” (Maybury-Lewis,1984), passaram a retornar e recuperar esse conjunto de territórios a partir da década de 60. Busco no decorrer deste artigo apresentar, fundamentalmente, uma das dimensões da complexa dinâmica socioespacial xavante ao dar ênfase as negociações e articulações envolvidas na produção de fronteiras territoriais numa situação etnográfica extraída de minha experiência em processos de identificação de terras. A partir desta vivência turbulenta e em um esforço retrospectivo tentei organizar o material etnográfico captado naquela situação e busquei compreender os significados embutidos no comportamento fragmentário dos grupos locais xavante diante do processo de revisão de limites de uma de suas terras indígenas. Vale dizer que os grupos locais xavante têm conseguido o reconhecimento de boa parte de suas demandas territoriais (e assistenciais) desde o início da retomada de seus direitos territoriais a partir da década de 1970. Pode-se inclusive pensar que a configuração sociológica fragmentária da “estrutura social xavante” venha ser um dos fatores sociológicos mais importantes para a sobrevivência física e cultural desse povo até o presente momento
Resumo Inglês:
Expelled from their territories in a violent, perverse and arbitrary way between the 30s and 50s of the last century, the various local Xavante groups that constitute the “Xavante Society” (Maybury-Lewis, 1984), started to return and recover this set of territories from the 1960s onwards. In the course of this article, I seek to present, fundamentally, one of the dimensions of the complex Xavante socio-spatial dynamics by emphasizing the negotiations and articulations involved in the production of territorial boundaries in an ethnographic situation extracted from my experience in land regularization processes. From this turbulent experience and in a retrospective effort I tried to organize the ethnographic material captured in that situation and tried to understand the meanings embedded in the fragmentary behavior of the Xavante local groups in the face of the process of reviewing the limits of one of their indigenous lands. It is worth mentioning that the local Xavante groups have been able to recognize a good part of their territorial (and assistance) demands since the beginning of the resumption of their territorial rights since the 1970s. One can even think that the fragmentary sociological configuration of “ Xavante social structure” will be one of the most important sociological factors for the physical and cultural survival of these people to date.
