“Elas nem parecem operárias” – feminilidade e classe na América Latina no século XX

Anos 90

Endereço:
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Bloco 3 - Prédio 43311 - Sala 114 - Bairro Agronomia
PORTO ALEGRE / RS
0
Site: http://www.ufrgs.br/ppghist/anos90.htm
Telefone: (51) 3308-6639
ISSN: 0104236X
Editor Chefe: [email protected]
Início Publicação: 30/04/1993
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

“Elas nem parecem operárias” – feminilidade e classe na América Latina no século XX

Ano: 2010 | Volume: 17 | Número: 31
Autores: Bárbara Weinstein
Autor Correspondente: Bárbara Weinstein | [email protected]

Palavras-chave: feminilidade, classe operária, dona de casa, apropriação, evita

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Novas pesquisas sobre a cultura de consumo e a feminilidade operária
nos Estados Unidos têm argumentado que a atenção dada pelas jovens operárias à
roupa da moda e aos romances populares não minou as identidades proletárias,
mas, pelo contrário, providenciou importantes recursos pra criar essas identidades.
Neste artigo considero se podemos encontrar um processo similar de apropriação
entre as mulheres operárias na América Latina. Mulheres operárias nas fábricas
latino-americanas tinham que lidar com o desprezo geral para com a mulher que
trabalhava em fábrica. Examinando, em primeiro lugar, os Centros de Aprendizado
Doméstico em São Paulo, fundados pelas associações patronais, demonstro
que a “feminilidade decente” nesses centros – frequentados por milhares de mulheres
da classe operária – refletia noções da “dona de casa qualificada” construídas
dentro da classe média, e identificou a mulher da classe operária como “quase”
de classe média. Nesse caso, encontramos um processo de “aproximação,” em vez
de apropriação. Em seguida considero o caso da Argentina (especificamente, Grande
Buenos Aires), onde o peronismo também promoveu o papel “tradicional” da
mulher da classe operária, mas, nesse contexto, destaco o impacto de Eva Perón no
papel de heroína das trabalhadoras. A figura de Evita – repugnante às mulheres das classes privilegiadas – tornou-se um meio para a construção de uma feminilidade
alternativa e classista para as mulheres operárias argentinas.



Resumo Inglês:

Recent research on consumer culture and working-class femininity in the
United States has argued that attention to fashionable clothing and dime novels
did not undermine female working-class identities, but rather provided key resources
for creating those identities. In this essay I consider whether we can see a similar
process of appropriation by working-class women in Latin America. In that region
women employed in factories had to contend with widespread denigration of the
female factory worker. Looking first at the employer-run “Centers for Domestic
Instruction” in São Paulo, I argue that “proper femininity” in these centers –
frequented by large numbers of working-class women – reflected middle-class
notions of the skilled housewife, and situated working-class women as nearly
middle class. What we see is a process of “approximation,” not appropriation. I
then look at the case of Argentina (especially Greater Buenos Aires) where Peronism
also promoted “traditional” roles for working-class women but where Eva Perón
emerges as a working-class heroine. The figure of Evita – widely reviled by women
of the middle and upper classes – becomes a means to construct an alternative,
class-based femininity for working-class women.