Este artigo analisa poemas de Florbela Espanca (1894-1930) e Adélia Prado (1935 - ) sob a perspectiva da investigação tópica, tendo como principal aporte teórico Achcar (1994). Trata-se aqui de demonstrar a permanência de retórica temática e lugares-comuns da lírica greco-latina na lírica contemporânea, a partir de uma reflexão comparativa entre as duas poetisas. Concordamos com Pires (2007), que os estudos sobre a tópica (sua historicidade, transformação e apropriação pelos poetas e poetisas) podem ajudar a compreender as tensas relações da literatura brasileira com as várias tradições que lhe ajudaram a se configurar. A construção da análise se baseia em um corpus composto por cinco poemas, sendo dois de Florbela — O nosso mundo e Amar! — e três de Adélia — O encontro, Fatal e Amor feinho, a partir dos quais demonstramos práticas intertextuais relativas à tópica da efemeridade e suas variações: o carpe diem e o convite amoroso. A escolha de Florbela Espanca e Adélia Prado permitiu-nos refletir que retomarem tópicas da lírica greco-latina, para realizar convites amorosos do ponto de vista feminino, é, pois, exigir um espaço que não seja mais o de papéis atribuídos pela ideologia patriarcal.
This article analyzes poems by Florbela Espanca (1894-1930) and Adélia Prado (1935 -) from the perspective of topical research, having Achcar (1994) as the main theoretical support. The aim here is to demonstrate the permanence of thematic rhetoric and common places in Greco-Latin lyric in contemporary lyric, from a comparative reflection between the two poets. We agree with Pires (2007), that studies on the topic (its historicity, transformation and appropriation by poets and poets) can help to understand the strained relations of Brazilian literature with the various traditions that helped it to configure itself. The construction of the analysis is based on a corpus composed of five poems, three by Florbela - O nosso mundo and Amar! — and three by Adélia — O encontro, Fatal e Amor feinho, from which we demonstrate intertextual practices related to the topic of ephemerality and its variations: the carpe diem and the loving invitation. The choice of Florbela Espanca and Adélia Prado allowed us to reflect that resuming topics from the Greek-Latin lyric, to carry out loving invitations from the feminine point of view, is, therefore, demanding a space that is no longer that of roles attributed by the patriarchal ideology.
