Este trabalho propõe analisar quais as condições e implicações da consolidação da gordofobia como uma pauta social contemporânea. Como suporte empírico, foram escolhidos três canais no YouTube de mulheres que narram suas experiências como vítimas de gordofobia. A partir dos vídeos, o artigo propõe pensar o corpo gordo como uma forma de identidade num contexto social que reverencia tanto a magreza quanto a autenticidade. Será discutido como as noções de empoderamento e autoestima presentes nestes discursos reforçam aspectos da moralidade contemporânea. Ainda, refletir sobre como estes testemunhos no espaço público participam da produção da subjetividade da vítima de preconceito, constituindo-se a partir da experiência de ressentimento. Por fim, sugerir que estas narrativas autobiográficas, embora questionem os padrões estéticos que orientam o desejo ao corpo magro, funcionam como um meio de os indivíduos se constituírem enquanto desejáveis porque autênticos, adequando-se a outra regra moral vigente.