Este artigo se propõe a analisar o conceito de vintage aplicado à moda, mediante à concepção de cronotopo de Mikhail Bakhtin que, por razões de aplicabilidade, foi revista por Anthony Wall. A noção primária deste conceito dentro da filosofia, relatada nos escritos de Bakhtin, refere-se à indissolubilidade do tempo e do espaço na literatura, ao passo que Wall, ao relacionar as relações espácio-temporais à memória, confere uma maior abrangência à compreensão cronotópica, incluindo-a em uma esfera social. Com base nestas ideias, buscou-se analisar as razões pelas quais o sujeito pós-moderno retoma o passado através da reutilização de vestes originais, o que caracteriza a definição da expressão “moda vintage”. Ao relacionar esta prática à memória e à identidade, tornou-se possível observar que a reapropriação de antigas indumentárias é a própria objetivação do conceito cronotópico na moda contemporânea.