Tratamos as questões de gênero e as especificidades da história das mulheres no Brasil e na Paraíba, desde o início do Século XX, no que se refere às suas práticas de padronização do comportamento feminino. Tomamos como referencial a paraibana Anayde Beiriz, pelo que sua vida causou no cenário paraibano e na produção discursiva que a apresenta com múltiplas identidades. As fontes principais deste trabalho foram documentos do arquivo pessoal da família Beiriz, livros e revistas locais, além de material produzido a partir de entrevistas concedidas por uma pessoa da família de Anayde. Os discursos da época produziram algumas Anaydes, portanto, uma produção discursiva em versões diferenciadas, que fabricaram, pelo menos, três mulheres diferentes: a boa filha, a devassa e a heroína da resistência e a libertária, os quais se constituíram em verdades legitimadas pela sociedade paraibana na época. O que se vai inventar sobre Anayde em cada momento? Que outras versões foram deixadas de fora? Os saberes que veicularam verdades na sociedade da época direcionaram e governaram as tomadas de decisão em que as possibilidades de liberdade de escolha para algumas mulheres foram inviabilizadas.