O objetivo deste artigo é analisar na perspectiva de gênero a construção da maternidade para usuárias de um serviço de reprodução humana assistida (RHA) em Recife/PE. Tratou-se de uma abordagem qualitativa, com realização de entrevistas semiestruturadas e a condensação de significados de Kvale como ferramenta de análise. Concluiu-se que a maternidade, tida socialmente como elemento ‘natural’ da identidade feminina, estrutura-se como modelo da organização social patriarcal. Um modelo que afasta as mulheres que não conseguem engravidar, da ‘norma’ do que é tido como ‘natural’. Na RHA, o tempo social e o tempo biológico das mulheres são concorrentes no processo de busca pela gravidez, já que o adiamento ou insucesso das técnicas de fertilização aproximam mais essas mulheres do vencimento do “prazo de validade” reprodutivo. Assim, as discussões de gênero são fundamentais para “desconstruir” o pensamento patriarcal que aumenta a desigualdade e iniquidade na saúde e reafirma o lugar “exclusivo” das mulheres no âmbito da reprodução.
This study was aimed to analyze, from the gender perspective, the construction of maternity for women at a service of assisted human reproduction (AHR) in Recife/PE. It was a qualitative approach, with semi-structured interviews and reduction of meanings of Kvale as analysis tool. It was concluded that the maternity, socially considered as ‘natural’ element of the feminine identity, structure itself in a model of patriarchal social organization, and not conceiving a child in this context means to diverge from the ‘standard’ of what is ‘natural’. In AHR, becoming a mother competes with social and biological time of these women, and the postponement/failure in the procedures approximate them more to the reproductive ‘validity period’. Therefore, gender discussions are fundamental to ‘deconstruct’ the patriarchal which increases the inequalities and iniquities in health and reaffirm the ‘exclusive’ place of women in the sphere of reproduction.