Em “Formulações sobre a causalidade psÃquicaâ€, de 1946, Lacan diz: “É realmente verdade que, como escrevêramos numa fórmula lapidar na parede de nossa sala de plantão, ‘Não fica louco quem quer’†(1998, p. 177). Esta frase, que Lacan julga ser grave, ou precisa o suficiente para residir em uma lápide, é desconcertante por algumas razões. Em primeiro lugar, porque podemos imaginar que na parede da sala de plantão não havia apenas “fórmulas lapidaresâ€, mas provavelmente mais escatologia do que sabedoria. Segundo, porque nas salas de plantão que conhecemos – ao lado de imãs de geladeira, avisos empoeirados e as escalas de trabalho do mês – não costumamos encontrar qualquer formulação que ultrapasse o senso comum ou algumas gastas formulações de autoajuda. Terceiro, porque na frase referida por Lacan, está presente, de fato, uma concepção daquilo que faz de um louco, um louco.