Utilizando duas importantes etnografias da Antropologia como pano de fundo, este ensaio busca compreender os mecanismos de construção e coesão social a partir da percepção de cada indivíduo nelas inseridos, buscando em que medida essa percepção atua como mantenedor, ou como agente de mudança de suas próprias estruturas, esgueirando às generalizações conceituais, mas objetivando a generalidade dos diversos modos do homem construir-se a si mesmo e ao mundo ao seu redor, ao dialogar de forma distinta com este mundo desde o mais unitário de qualquer estrutura sociocultural: o próprio indivíduo. A partir dos trabalhos efetuados por Evans-Pritchard, resultado de seu estudo entre o Nuer, e Edmund Leach, pela elaboração etnográfica entre os Kachins, e buscando conceitos antropológicos de Dumont, Mauss e LevisStrauss, e também da Psicanálise, com Donald Winnicot, o principal intento deste delineamento teórico é pensar como a pessoa formatada pela sociedade em cada indivíduo dá maior ou menor abertura para que ela se aproxime do indivíduo biológico e esteja em contato mais profundo com suas vontades, e como pode se tornar agente de mudança quando esta vontade se coloca, ou como mantém a estrutura, quando sua lógica opera principalmente a partir do pensamento predominantemente social, não individual. No recorte que aqui se apresenta, buscamos como este mecanismo se processa para as diferentes concepções de estrutura política que Nuers e Kachins nos apresentam.