“Normal, normal mesmo, é só deus”: sobre possibilidades e contradições da identidade de “pessoa com deficiência intelectual”

Vivência: Revista de Antropologia

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Site: https://periodicos.ufrn.br/vivencia/index
Telefone: (84) 3342-2240
ISSN: 2238-6009
Editor Chefe: Julie Antoinette Cavignac
Início Publicação: 07/05/2012
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

“Normal, normal mesmo, é só deus”: sobre possibilidades e contradições da identidade de “pessoa com deficiência intelectual”

Ano: 2013 | Volume: 1 | Número: 41
Autores: P. Lopes
Autor Correspondente: P. Lopes | [email protected]

Palavras-chave: Deficiência intelectual, Identidade, Marcadores sociais da diferença

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo explora debates acerca da “deficiência”, com foco na “deficiência intelectual”, com vistas a refletir sobre a noção de identidade. Amplamente criticada e revista em diferentes tradições que compõem o campo dos marcadores sociais da diferença, a identidade – como categoria organizadora de movimentos sociais e como chave para a compreensão de subjetividades individuais – é investigada aqui em suas possibilidades e contradições, num contraponto entre a literatura especializada e a trajetória de dois sujeitos assignados como “pessoas com deficiência intelectual”. Com base em entrevistas no formato de história de vida, analiso como esses sujeitos agenciam essa marcação em suas trajetórias, negociando seu sentido, sua abrangência e sua visibilidade. Se por um lado se pode falar em identidades sociais com base em diagnósticos biomédicos – caminho que vem se concretizando com maior destaque no caso da “Síndrome de Down” –, por outro lado se notam outras ressignificações desses diagnósticos, muitas vezes mediadas pela circulação por instituições de educação ou de inserção no mercado de trabalho. Nesses processos, estão em disputa espaços de legitimação e de narração de si, mas também habilidades e anseios pessoais.



Resumo Inglês:

This article explores the debates on “disability”, focusing in “intellectual disability”, aiming to reflect on the notion of identity. Widely criticized and revisited in different traditions of the field of social markers of difference, identity – as organizing category of social movements and central key to the comprehension of individual subjectivities – is here investigated in its possibilities and contradictions. In order to do so, the specialized literature is confronted with the trajectories of two people assigned as “persons with intellectual disability”. Based on life story interviews, I analyze how these two subjects negotiate that mark and its sense, length and visibility. On the one hand one may think of social identities based on biomedical diagnosis – which is more and more the case in the debates around “Down syndrome”. On the other hand, one can observe other meanings in these diagnoses, usually mediated by people's circulation in educational and labor institutions. In such processes, spaces of self-legitimacy and self-narration are at stake, but also personal abilities and desires.