Não é a escuridão que é invencível, é a Luz que deixou de irradiar. À mentalidade do relativismo, do ateísmo, do secularismo, do individualismo, do paganismo, do niilismo e de tantos outros “ismos” atribui-se a atual ineficácia da evangelização. O problema para o qual Bento XVI propõe a Nova Evangelização, não é o fato de os “ismos” terem dominado e tomado a direção do muno, da sociedade em geral, mas sim, o fato de, na Igreja, os que crêem, em vez de representar uma alternativa à cultura dominante, passaram a espelhá-la. Em outras palavras, o problema é que, quem foi chamado e estabelecido para iluminar, deixou-se ofuscar pela escuridão e já não reflete mais a Luz. Tal situação questiona profundamente a falta de eficácia da evangelização que vem sendo realizada e questiona os primeiros responsáveis pela missão da Igreja - bispos e presbíteros - e os que, pela “profissão dos conselhos evangélicos”, comprometeram-se publicamente, a dar testemunho da Luz. Por que, aqueles que receberam o anúncio do evangelho, não remam contra a correnteza da secularização? Por que muitos nem sequer frequentam mais a comunidade cristã? E os que frequentam, são verdadeiramente convertidos? Não é a escuridão que é invencível, é a irradiação da Luz que está bloqueada. Não é a Luz do evangelho de Cristo que perdeu sua força, mas seus refletores que estão estragados. Não é a Igreja, instrumento do Reino, que não serve mais, mas quem dela deveria se servir para anunciar o Evangelho. Frente aos desafios deste contexto, Bento XVI, através da Nova Evangelização, convoca a Igreja, especialmente em sua dimensão “ad intra” a devolver a Deus o lugar que lhe cabe. Mas não se trata aqui de um Deus qualquer, e sim do Deus de Jesus Cristo, o Deus vivo que desce ao encontro do homem, que se encarna: sim, importa devolver ao cristianismo em geral e a cada homem a sua dimensão mística através do encontro pessoal e comunitário com a pessoa de Jesus Cristo, único e verdadeiro caminho para o conhecimento de Deus, de si mesmo e dos irmãos. É preciso reabrir ao homem atual o acesso a Deus, pois, “não existe prioridade maior do que esta” (VD 2). Bento XVI aponta também três meios de acesso a Deus que levam o homem a interrogar-se sobre Ele e a percorrer os caminhos que conduzem a Ele. Primeiro, o mundo. Quanto mais o conhecemos e descobrimos os seus mecanismos maravilhosos, tanto mais vemos um desígnio, vemos que existe uma inteligência criadora. Segundo, o Homem. Citando a afirmação Santo Agostinho “Deus é mais íntimo de mim de quanto eu o seja de mim mesmo” (Confissões III, 6, 11), o Papa diz que “com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu sentido do bem moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua ânsia de infinito e de felicidade, o homem interroga-se sobre a existência de Deus” (CaIC, 33). Terceiro, a fé. Um cristão e uma comunidade que sejam ativos e fiéis ao projeto de Deus, que nos amou em primeiro lugar, constituem um caminho privilegiado para quantos vivem na indiferença e na dúvida acerca da sua existência e ação.