A criação de gado bovino foi fundamental na ocupação do interior do Brasil e na
formação do campesinato dos biomas Cerrado e Caatinga. Nos cerrados do Norte
de Minas, o gado se configura como elemento central na cultura, na economia, no
manejo dos ecossistemas, no modo de vida e na territorialidade do povo tradicional
denominado Geraizeiro. Entretanto, nos estudos e debates sobre a conservação da
biodiversidade na região, o gado representa um “tabu”, pois a ele são atribuídos
grandes impactos, mas praticamente inexistem estudos que demonstram e
mensuram estes impactos. Neste artigo, utilizo referências da literatura para analisar
a possibilidade de conciliação da criação de gado praticada no “Gerais” – aqui
denominada “Pecuária Geraizeira” – com a conservação da biodiversidade no Norte
de Minas, sugerindo uma agenda de pesquisas relacionadas ao tema.