Infâncias e maternidades se conectam quando refletimos sobre as vulnerabilidades e a ausência de direitos das crianças indígenas no Brasil. Neste artigo pretendo abordar de que modo um olhar colonial sobre as maternidades e infâncias indígenas importam em preconceitos e levam a desconsiderar as formas de cuidado e as possibilidades que as crianças indígenas têm de experienciar a infância junto de suas famílias e comunidades. Ao problematizar a existência de um olhar colonial sob o cuidado, o qual impõe uma forma correta a ser seguida em detrimento de outras formas tradicionais de cuidar e ser criança, busco perceber como este olhar fundamenta o direito da interferência estatal em relação as mães indígenas, as quais são impedidas de exercer o direito de guarda sobre seus filhos, os quais crescem longe da cultura e do modo de viver Guarani e Kaiowá.
In this article, I intend to approach how a colonial look at indigenous maternity and childhood influences prejudices and leads to disregarding the forms of care and the possibilities that indigenous children have to experience childhood together with their families and communities. By problematizing the existence of a colonial perspective on care, which imposes a correct way to be followed at the expense of other traditional ways of caring and being a child, I seek to understand how this perspective underlies the right of state interference in relation to indigenous mothers, who are prevented from exercising the right of custody over their children, who grow up far from the Guarani and Kaiowá culture and way of life.