“Quem não ama, não educa”: percepções sobre o professor como agente de paz no Bié

RECIPEB: revista cientifico-pedagógica do Bié

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ISSN: 2789-4487
Editor Chefe: Alfredo de Jesus Maria Paulo
Início Publicação: 06/09/2021
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação

“Quem não ama, não educa”: percepções sobre o professor como agente de paz no Bié

Ano: 2022 | Volume: 2 | Número: 1
Autores: J. Manarte, A. Cassova, J. Santos
Autor Correspondente: J. Manarte | [email protected]

Palavras-chave: formação de professores, educação para a paz, Ubuntu e investigação

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Angola formalizou a paz em 2002, caracterizando-se actualmente como um contexto pós-conflito, em processo de consolidação da paz social sustentável. É reconhecido que a educação pode contribuir para a estabilidade social, económica e política das sociedades, reforçar a coesão social e apoiar os processos para a consolidação da paz em contextos vulnerabilizados. Esta influência positiva pode acontecer, desde logo, pelo importante papel que a escola e, muito particularmente, os professores desempenham na socialização das crianças e dos jovens e no desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos orientados para o pensamento crítico e para a convivência pacífica. Este artigo tem como objetivo conhecer as percepções de futuros professores sobre o seu papel na reconciliação e na consolidação da paz em Angola e, muito particularmente, no Bié. Adoptando uma metodologia qualitativa, é feita uma análise de conteúdo de dados recolhidos através de grupos de discussão focalizada com estudantes finalistas de duas escolas de formação de professores para o ensino primário. Da análise de três conjuntos temáticos que agrupam o que foi destacado pelos participantes, discute-se a complexidade identitária dos professores como agentes de paz e, simultaneamente, como membros da sociedade pós-conflito e conclui-se sobre a perspectiva reconciliatória das novas gerações de professores, sobre a importância do reconhecimento social do professor, da criação de espaços relacionais seguros para o diálogo sobre o passado nas escolas, da recontextualização curricular e da escola como espaço de resgate do valor da cultura tradicional angolana.



Resumo Inglês:

Angola formalised peace in 2002 and is currently characterised as a post-conflict context undergoing a process of sustainable social peacebuilding. It is recognized that education can contribute to the social, economic, and political stability of societies, strengthen social cohesion and support peacebuilding processes in vulnerable contexts. This positive influence can occur primarily through the important role that schools, and particularly teachers, play in the socialisation of children and young people and in the development of values, attitudes and behaviours oriented towards critical thinking and peaceful coexistence. The aim of this paper is to learn about future teachers' perceptions of their role in reconciliation and peacebuilding in Angola and, particularly, in Bié. Adopting a qualitative methodology, a content analysis is made of data collected through focus group discussions with final-year students from two teacher training colleges for primary education. Analysing three thematic clusters that group together what was highlighted by the participants, we discuss the complexity of teachers' identities as agents of peace and, simultaneously, as members of post-conflict society, and conclude about the reconciliatory perspective of the new generations of teachers, about the importance of the social recognition of teachers, the creation of safe relational spaces for dialogue about the past in schools, the reframing of the curriculum and the school as a space for recovering the value of traditional Angolan culture.



Resumo Espanhol:

Angola formalizó la paz en 2002 y actualmente se caracteriza como un contexto post-conflicto en proceso de consolidación de la paz social sostenible. Se reconoce que la educación puede contribuir a la estabilidad social, económica y política de las sociedades, fortalecer la cohesión social y apoyar los procesos de consolidación de la paz en contextos vulnerables. Esta influencia positiva puede producirse principalmente a través del importante papel que la escuela, y en particular los profesores, desempeñan en la socialización de los niños y jóvenes y en el desarrollo de valores, actitudes y comportamientos orientados al pensamiento crítico y a la convivencia pacífica. Este artículo tiene como objetivo conocer la percepción de los futuros profesores sobre su papel en la reconciliación y la construcción de la paz en Angola y, en particular, en Bié. Adoptando una metodología cualitativa, se realiza un análisis de contenido de los datos recogidos a través de discusiones de grupos focales con estudiantes de último año de dos escuelas de magisterio primario. A partir del análisis de tres núcleos temáticos que agrupan lo destacado por los participantes, se discute la complejidad de las identidades de los profesores como agentes de paz y, simultáneamente, como miembros de la sociedad post-conflicto y se concluye sobre la perspectiva reconciliadora de las nuevas generaciones de profesores, sobre la importancia del reconocimiento social del profesor, de la creación de espacios relacionales seguros para el diálogo sobre el pasado en las escuelas, de la recontextualización del currículo y de la escuela como espacio de rescate del valor de la cultura tradicional angoleña.