Diante da série de catástrofes da “era dos extremos”, no século XX, as artes e a literatura, especificamente, junto de outras formas de representação do passado tiveram de repensar a sua própria relação com a linguagem. Na balança entre a necessidade e a impossibilidade do contar, a literatura encontrou no testemunho o seu principal representante. No contexto brasileiro, pósditadura civil-militar, a tentativa de “narrar o inenarrável”, ou seja, de apresentar outra forma de elaboração para que a experiência traumática possa, ainda que sob o signo da impossibilidade, ser contada e dividida, permanece até os dias atuais, com a literatura brasileira contemporânea. Esta proposta centra-se em uma leitura comparativa das obras K. – relato de uma busca (2011) e Os visitantes (2016) de Bernardo Kucinski, e Não falei (2004), de Beatriz Bracher, tendo em vista o seu teor testemunhal.
In face of the series of catastrophes of the “age of extremes”, the arts and literature, more specifically, during the 20th century, along other forms of representation of the past had to rethink their own relation with language. Balancing the necessity and impossibility of telling, literature found in testimony one of its most important representatives. In the Brazilian context, after the civilian-military dictatorship, the attempt of “narrating the non-narratable”, that is, of presenting another form of elaboration so that the traumatic experience can, even if under the sign of impossibility, be told and shared, remains until the present day within contemporary Brazilian literature. This paper focuses on a comparative reading of K. – relato de uma busca (2011) and Os Visitantes (2016), by Bernardo Kucinski, and Não falei (2004), by Beatriz Bracher, with their testimonial content in sight.