O presente trabalho procura analisar a construção de uma memória relativa à ferrovia na região sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, a partir do arquivo pessoal e das ações individuais de José Eugênio Antunes Peres, mais conhecido como Juca do Basílio. Este senhor é morador da cidade de Pedro Osório, a qual surgiu e teve seu ápice econômico ligado à estação ferroviária e seu entorno, decaindo justamente com a extinção da passagem dos trens. Conhecido por seu hábito de estudar, pesquisar, colecionar e divulgar materiais e informações sobre a rede férrea, Juca é dono de um grande acervo e suas exposições de fotografias buscam retratara história do trem e chamar a atenção para o passado da região onde vive, legitimando-o e lhe dando uma versão. Nesta direção, baseando-se na metodologia da História Oral, este trabalho busca compreender os motivos que levaram Juca a constituir seu acervopessoal e de que forma, através de suas ações de valorização da história, o patrimônio urbano é apropriado e ressignificado, delineando as tensões entre o passado e o presente. Acredita-se que ao selecionar símbolos específicos para justificar um passado ferroviário da cidade, interesses individuais acabam auxiliando a construção de uma identidade, a partir da memória, que se objetiva coletiva.