“Todos os relatos doem em quem lê” narrativas quase anônimas de uma travesti marginal no Facebook

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ISSN: 2318-5694
Editor Chefe: Profa. Dra. Luciana Coutinho Pagliarini Souza
Início Publicação: 04/06/2013
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Comunicação

“Todos os relatos doem em quem lê” narrativas quase anônimas de uma travesti marginal no Facebook

Ano: 2017 | Volume: 5 | Número: 10
Autores: A. Machado, S. R. Silva
Autor Correspondente: A. Machado | [email protected]

Palavras-chave: Espaço público digital. Redes sociais digitais. Transexualidade.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo apresenta uma reflexão sobre a construção discursiva e interacional de práticas, saberes e contextos de vida marginalizados, que ganham uma versão pública, discutível e reconhecível nos ambientes de interação das redes sociais digitais. Através dos conteúdos postados e das interações observadas na página Travesti Marginal, no Facebook, o artigo interpreta as dinâmicas e as conjunturas de significados ali estabelecidos, pensando a forma como a intimidade, a marginalidade e a subalternidade dos contextos de vida das prostitutas travestis assumem uma dimensão pública nas dinâmicas dos compartilhamentos. As interações consolidam-se como um espaço de discussão e resistência frente às formas de opressão e violência a que as travestis são submetidas. A pesquisa aponta para as redes de apoio e solidariedade e para as formas de subjetivação que se estabelecem nessas interações, mobilizadas pelas violências e pelo sofrimento que caracterizam a maioria das postagens. Além disso, faz-se uma reflexão sobre como a experiência pessoal das travestis autoriza essa produção discursiva, calcada na noção de experiência como ato cognitivo, ao mesmo tempo em que interdita a articulação de outras temáticas.



Resumo Inglês:

“All reports hurt in those who read”: almost anonymous narratives of a marginal transvestite on Facebook. The article presents a reflection on the discursive and interactional construction of marginalized practices, knowledge and contexts of life, which gain a public, debatable and recognizable version in the interaction environments of digital social networks. Through the content posted and the interactions observed in the page Travesti Marginal, on Facebook, the article interprets the dynamics and conjunctures of meanings established there, thinking about how the intimacy, marginality and subalternity of the life contexts of transvestite prostitutes assume a public dimension in the dynamics of sharing. The interactions consolidate as a space for discussion and resistance to the forms of oppression and violence to which transvestites are subjected. The research points to the networks of support and solidarity and to the forms of subjectivation that are established in these interactions, mobilized by the violence and suffering that characterize most of the posts. In addition, a reflection is made on how the personal experience of transvestites authorizes this discursive production, based on the notion of experience as a cognitive act, while at the same time prohibiting the articulation of other themes.