O presente trabalho busca tratar do curto período da liberação do aborto na União Soviética, entre 1920 e 1936. A partir da visão bolchevique inspirada na teoria marxista sobre a família e a libertação feminina, mudanças também ocorrem no âmbito legal para socializar o trabalho doméstico, emancipar as mulheres pelo trabalho assalariado, desconstruir a família burguesa e valorizar a união livre. Deslocada dos debates progressistas, compreender como e em que situações os abortos (legais e ilegais) eram feitos se faz necessário para compreendermos a experiência das mulheres com reprodução e contracepção durante o período analisado, bem como a reação conservadora que termina por proibir a prática novamente.