Neste artigo apresentaremos uma proposta de visibilizaçãodo patrimônio da comunidade croata em São Paulo, pensado a partir dedois projetos: “História da Croácia e da imigração croata no Brasil” e “Memória dálmata”cuja finalidade é resgatar, organizar e divulgar um arquivo comunitário. O objetivo deste trabalho é o de discutir modos de tornar visível o patrimônio de uma comunidade que, por sua condição histórica, foi apagada da história oficial, institucional de São Paulo, porém preservada como memória coletiva, nos relatos dos imigrantes,como patrimôniocomunitário nas suas instituições e como discurso em seus veículos de comunicação. Metodologicamente,baseamo-nosna exploração e superação da concepção de tempo de Halbwachs (2004),que separa a história e a memória coletiva.Desse modo ofereceremos uma reflexão sobre as propostas de afirmação de patrimônios étnicos, suas tensões e dinâmicas em perspectiva diacrônica e sincrônica, alimentando uma relação dialógica entre a três instâncias envolvidas: a Universidade, o Estado e a Comunidade. Percebemos que no período formativo da comunidade (1920-1950) houve práticas de auto-organização e autogestão, e apesar da sua efemeridade, foram criadas e fechadas muitas associações e sociedades, criando-se lacunaridades ao longo do tempo. E concluímos que essas lacunaridades institucionais nos arquivos e na história oficial, podem ser potencializadas a partir de uma memória comunitária que oferece outras visões sobre os patrimônios, especialmente aqueles étnicos e que com metodológicas de busca e análise adequadas podemajudar no desocultamento dessas histórias.