Observado uma proliferação de uso de coisas, objetos, tralha em vários trabalhos de dança experimental e performance art recentes, proponho nove teses preliminares sobre tal fenômeno. Partindo do conceito de “dispositif” em Giorgio Agamben, e da sua expansão para lá dos limites com os quais Michel Foucault o havia definido, foco em como Agamben diagnostica uma onipotência no cerne do dispositif e que determina a subjetividade contemporânea como essencialmente subjugada ao jugo de objetos-dispositifs. Extraio desta noção, por via da obra de Fred Moten em estudos da performance e estudos críticos de raça, a necessidade de um movimento de co-liberação de sujeitos e objetos desse modo de sujeição ao dispositif. Com Karl Marx e Guy Débord, associo essa liberação a uma rejeição do objeto como dispositif-mercadoria, e procuro a afirmação objetiva-subjetiva da coisa. Invocando um paralelo com o devir-animal que alguma dança e performance buscam desde os anos 1960, proponho um devir-coisa na dança e performance recente, onde tanto objetos como sujeitos se libertam do jugo do dispositif-mercadoria e de noções de instrumentalização. Neste devir-coisa na dança, as teorias de Mario Perniola e Silvia Benso são fundamentais.
Observed a proliferation in the use of things, objects, stuff in various recents experimental dance works and performance art, I propose nine preliminaries thesis on this phenomenon. Based on the concept of " dispositif " in Giorgio Agamben, and on its expansion beyond the limits with which Michel Foucault had previously defined this concept, I focus on how Agamben diagnoses an omnipotence at the heart of dispositifs which determines contemporary subjectivity as essentially subjugated to the yoke of objectdispositifs. I extract from this notion, through Fred Moten's work in performance studies and critical race studies, the need for a co-liberation of both subjects and objects from such dispositif subjection. With Karl Marx and Guy Débord I associate this liberation to a rejection of the object as commodity- dispositif, seeking an affirmation of the thing at the object level as well as at the level of subjectivity. Invoking a parallel with the becoming-animal that some dance and performance seek since the 1960s, I propose a becoming-thing in recent dance and performance, where both objects and subjects are released from the yoke of the commodity-dispositif and from instrumentalization. In this becoming-thing in dance, Mario Perniola's and Silvia Benso's theories are fundamental.