As abordagens somáticas se encontram amplamente disseminadas nos processos pedagógicos das artes da cena, tanto por promoverem bem-estar e saúde corporal, como por fomentarem diferentes maneiras de aproximação do corpo e sua expressividade. No entanto, ainda persiste a convenção de que elas contribuem somente na preparação do corpo e no desenvolvimento da consciência corporal, negligenciando-se seu potencial como agente propositor e criador. Dessa maneira, se mantêm restritas a um papel apenas complementar nas práticas criativas das artes da cena. Explanando sobre sua função e problematizando a posição que ocupa nas práticas e vivências artísticas da atualidade, esse artigo visa ampliar e adensar o entendimento das abordagens somáticas, a fim de alargar os modos de aplicá-las nas artes da cena da contemporaneidade. Para tanto, propõe-se uma discussão entre os filósofos Merleau-Ponty e Michel Bernard sobre o conceito de corporeidade, articulando-a com a noção de ética de Spinoza.
The somatic approaches are widely spread in the performing art’s pedagogical processes, both by promoting physical wellbeing and health, as well as foster different ways to approach the body and its expressiveness. However, the convention that the somatic approaches only contribute in the physical conditioning and body awareness still remains, neglecting its potential as a proposer and creator agent. Thus, these approaches are restricted to a complementary role in the performing art’s creative practices. Explaining its function and questioning the position it occupies in the artistic practices and experiences in the contemporaneity, this paper aims to widen and deepen the understanding of these approaches, in order to extend its applicabilities in the contemporary performing arts. For this propose, this paper proposes a discussion between philosophers Merleau-Ponty and Michel Bernard on the concept of corporeality, articulating it with the Spinoza’s notion of ethics.