Este artigo apresenta uma análise retórica das posições “pró-escolha†e “pró-vida†no debate sobre o aborto de fetos anencefálicos. A feminista Débora Diniz é considerada como porta-voz da posição “pró-escolha†por ter sido a principal articuladora polÃtica da ação judicial que suscitou na liminar que autorizou, em 2004, a antecipação terapêutica do parto de fetos anencefálicos. Carlos Alberto Di Franco é o porta-voz da posição “pró--vidaâ€, principal representante dos interesses da hierarquia da Igreja Católica. No discurso de Débora Diniz, o apelo à solidariedade para com as gestantes de fetos anencefálicos teve a função retórica de enfatizar a valorização da vida da mulher e vitimá-la diante do sofrimento de gestar um feto inviável. Di Franco estabeleceu uma estratégia de afirmação da responsabilidade do Estado sobre a gestão da vida dos cidadãos, posicionando-se moralmente como defensor do estatuto do feto como pessoa.
This article presents a rhetorical analysis of the “pro-choice†and “pro-life†stances in the debate over abortion of anencephalic fetuses. Feminist Debora Diniz is regarded as a pro-choice†spokeswoman. She was the main political organizer of the lawsuit filed by the National Confederation of Health Workers resulting in the 2004 provisional court decision authorizing therapeutic advance delivery of anencephalic fetuses. Carlos Alberto Di Franco is the “pro-life†spokesman – the main representative of the interests of the Roman Catholic hierarchy. In Mrs. Diniz’s discourse, the appeal for solidarity with the mothers of anencephalic fetuses played the rhetorical role of emphasizing the value of women’s lives and make them a victim of the suffering of carrying unviable fetuses. Mr. Di Franco established a strategy of affirming the responsibility of the State in managing citizens’s lives, positioning himself morally as the advocate of the status of the fetus as a person.