Esta pesquisa objetivou identificar os significados que perpassam o abuso de benzodiazepínicos entre mulheres como medicalização do sofrimento psíquico sob a perspectiva dos profissionais de saúde. A literatura revela nuances que interferem no consumo abusivo desse tipo de fármaco. Este é um estudo qualitativo e exploratório, realizado por meio de entrevistas com 14 profissionais da saúde (médicos, enfermeiros e psicólogos), em uma unidade de atenção primária à saúde (APS) e em um centro de atenção psicossocial (CAPS), em Fortaleza-CE. A análise de dados baseou-se no método fenomenológico mundano, ancorado na fenomenologia de Merleau-Ponty. Os depoimentos revelaram que o abuso de benzodiazepínicos entre mulheres decorre de queixas de insônia, depressão, ansiedade, nervosismo e medo. No entanto, percebe-se que tais queixas se relacionam a questões existenciais oriundas de problemas sociais e familiares, fenômenos da experiência vivida do sujeito de que a medicalização não consegue dar conta. Como sugestão, propõe-se que o sofrimento psíquico feminino seja tratado por meio de grupo operativo voltado a esse público, como forma de substituição do tratamento medicamentoso. Tal medida também pode gerar economia para os cofres públicos, ao prevenir danos causados pelo consumo inadequado dos benzodiazepínicos.
This research aimed to identify the meanings that pervade benzodiazepine abuse among women as medicalization of psychic distress from the health professionals’ perspective. The literature reveals nuances that interfere with abusive consumption of this drug type. This is a qualitative and exploratory study, conducted through interviews with 14 health professionals (physicians, nurses, and psychologists), at a primary health care center (PHCC) and a Brazilian psychosocial care center (CAPS) in Fortaleza, Ceará, Brazil. Data analysis was based on the worldly phenomenological method, anchored in Merleau-Ponty’s phenomenology. The testimonies revealed that benzodiazepine abuse among women derives from complaints of insomnia, depression, anxiety, nervousness, and fear. However, it is noticed that such complaints are related to existential issues stemming from social and family problems, phenomena of a subject’s actual experience that medicalization cannot handle. As a suggestion, it is proposed that women’s psychic distress is treated by means of an operative group aimed at this clientele, as a way of replacing drug treatment. Such a measure can also generate savings to the public coffers by preventing harm caused by inappropriate benzodiazepine consumption.
Esta investigación tuvo como objetivo identificar los significados que prevalecen en el abuso de benzodiazepinas entre las mujeres como medicalización del sufrimiento psíquico desde la perspectiva de los profesionales de la salud. La literatura revela matices que interfieren con el consumo abusivo de este tipo de fármaco. Se trata de un estudio cualitativo y exploratorio, realizado a través de entrevistas con 14 profesionales de la salud (médicos, enfermeros y psicólogos), en una unidad de atención primaria de salud (APS) y un centro de atención psicosocial (CAPS) en Fortaleza, Ceará, Brasil. El análisis de datos se basó en el método fenomenológico mundano, anclado en la fenomenología de Merleau-Ponty. Los testimonios revelaron que el abuso de benzodiazepinas entre mujeres se deriva de quejas de insomnio, depresión, ansiedad, nerviosismo y miedo. Sin embargo, se percibe que tales quejas están relacionadas con cuestiones existenciales derivadas de problemas sociales y familiares, fenómenos de la experiencia vivida del sujeto que la medicalización no puede manejar. Como sugerencia, se propone que el sufrimiento psíquico femenino sea tratado mediante un grupo operativo dirigido a esta clientela, como una forma de reemplazar el tratamiento farmacológico. Esta medida también puede generar ahorros para las arcas públicas, al prevenir daños causados por el consumo inapropiado de las benzodiazepinas.