Este artigo busca compreender como é possível pensar em eventos violentos por meio da noção de acontecimento, com ênfase no processo de narrativização e de sua aderência a uma historicidade que interliga passado, presente e futuro, de modo a tornar o acontecimento socialmente inteligível. Realizamos esse esforço a partir de matérias do jornal impresso Diário do Pará sobre a chacina da Região Metropolitana de Belém, ocorrida em 20 e 21 de janeiro de 2017, as quais encaramos como narrativas jornalísticas que integram o momento inaugural de emergência do acontecimento. Por meio desse exercício analítico, foi possível apreender como as narrativas produzidas pelo jornalismo são atravessadas por historicidade, levando a articular diferentes temporalidades e condições de identificação do acontecimento violento, tanto em relação à categorização quanto de seu contexto social de ocorrência e reverberação.