Escrever sobre crianças trabalhadoras no espetáculo artÃstico,remete-nos, muitas vezes, para um mundo de glamour, uma experiência ainda pouco conhecida e investigada que conduz a um “senso comum†repleto de ideias pré-concebidas e estereotipadas, daquilo que estas actividades significam e implicam, sobretudo para as crianças. Se analisarmos para além da aparência, considerarmos a essência desse trabalho e compreendermos os mecanismos sociais que o produzem, perceberemos crianças que trabalham muitas vezes longos e difÃceis perÃodos de tempo. Este texto procura compreender, a partir do paradigma crÃtico da Sociologia da Infância, o papel das crianças que trabalham nas actividades artÃsticas, considerando-as como parte da indústria do espectáculo e do entretenimento. Pretende, ainda, discutir o conceito de trabalho artÃstico, que é demasiado amplo, até mesmo para exprimir a essência das realidades que o sustentam. Desta forma, pretende-se contribuir para a análise do Trabalho Infantil ArtÃstico em Portugal, contribuindo para a desocultação de uma realidade que aparece largamente invisibilizada e/ou disfarçada. Assim, pretende conhecer as práticas sociais das crianças artistas, nas suas actividades espaciais e temporalmente situadas (casa, escola, local de realização de actividades, “recreioâ€, etc.), nos modos como tais práticas enredam os grupos sociais de pertença, as instituições de socialização e a vida social em sentido mais lato.