Adolescer: a vivência de portadores de deficiência visual

Benjamin Constant

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ISSN: 1984-6061 (on-line)
Editor Chefe: Bianca Della Líbera e Luiz Paulo da Silva Braga
Início Publicação: 01/01/2018
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Adolescer: a vivência de portadores de deficiência visual

Ano: 1999 | Volume: 0 | Número: 12
Autores: Maria Alves de Toledo Bruns, Patrícia Lopes Solzedas
Autor Correspondente: Luiz Paulo da Silva Braga | [email protected]

Palavras-chave: Deficiente visual, adolescente

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A adolescência caracteriza-se por transformações corporais e psicológicas, além de compromissos pessoais e ocupacionais, sexuais e ideológicos assumidos para com a sociedade. O objetivo do presente estudo foi compreender como é estar na adolescência para portadores de deficiência visual. Entrevistaram-se 7 adolescentes portadores de deficiência visual, com idade entre 13 e 21 anos, dos quais cinco são do sexo feminino e dois do sexo masculino, de uma escola pública do interior paulista. Para a análise dos depoimentos utilizou-se a metodologia qualitativa fenomenológica. A compreensão dos discursos baseou-se na relação dialógica descrita por Martin Buber, que aponta duas possibilidades do ser humano revelar-se no mundo: a relação EU-TU (encontro genuíno com o outro, baseado na reciprocidade) e o relacionamento EU-ISSO (contato superficial). Pelos resultados obtidos nesta pesquisa, verificou-se uma pobreza qualitativa relativa às experiências vividas e compartilhadas com o outro, e uma maneira de relacionamento predominante pautada na categoria EU-ISSO. Constatou-se, igualmente, uma vivência permeada por preconceitos e tabus, em que o diálogo entre pais e filhos, em especial sobre a sexualidade, é escasso, revelando o fato dos pais não reconhecerem a sexualidade dos filhos deficientes. A escola aparece desempenhando um papel fundamental na integração social destes jovens e como mediadora das relações entre o portador de deficiência e sua família. Conclui-se que a escola poderia, portanto, possibilitar a conquista de um lugar produtivo para estes jovens na sociedade, e promover a mobilização das pessoas para que possam “ver” o portador de deficiência visual sem reduzi-lo à cegueira, ou seja, viabilizando uma relação com o ser total, a qual se define no EU-TU



Resumo Inglês:

Adolescence is characterized by bodily and psychological changes, in addition to personal and occupational, sexual and ideological commitments made to society. The aim of the present study was to understand what it is like to be in adolescence for visually impaired people. Seven visually impaired adolescents, aged between 13 and 21 years old, were interviewed, five of whom are female and two male, from a public school in the interior of São Paulo. For the analysis of the testimonies, the phenomenological qualitative methodology was used. The discourse understanding was based on the dialogical relationship described by Martin Buber, which points out two possibilities for human beings to reveal themselves in the world: the EU-TU relationship (genuine encounter with the other, based on reciprocity) and the EU-THAT relationship (surface contact). Based on the results obtained in this research, there was a qualitative poverty related to the experiences lived and shared with the other, and a predominant relationship based on the EU-ISSO category. There was also an experience permeated by prejudices and taboos, in which the dialogue between parents and children, especially about sexuality, is scarce, revealing the fact that parents do not recognize the sexuality of disabled children. The school appears to play a fundamental role in the social integration of these young people and as a mediator in the relationship between the disabled person and his family. It is concluded that the school could, therefore, enable the conquest of a productive place for these young people in society, and promote the mobilization of people so that they can “see” the visually impaired person without reducing him to blindness, that is, enabling a relationship with the total being, which is defined in the EU-TU



Resumo Espanhol:

La adolescencia se caracteriza por cambios corporales y psicológicos, además de los compromisos personales y laborales, sexuales e ideológicos adquiridos con la sociedad. El objetivo del presente estudio fue comprender cómo es la adolescencia para las personas con discapacidad visual. Se entrevistó a siete adolescentes con discapacidad visual, con edades comprendidas entre 13 y 21 años, cinco mujeres y dos hombres, de una escuela pública del interior de São Paulo. Para el análisis de los testimonios se utilizó la metodología cualitativa fenomenológica. La comprensión de los discursos se basó en la relación dialógica descrita por Martin Buber, que apunta a dos posibilidades del ser humano para revelarse en el mundo: la relación UE-TU (encuentro genuino con el otro, basado en la reciprocidad) y la UE -Relación ISSO (contacto superficial). A partir de los resultados obtenidos en esta investigación, se evidenció una pobreza cualitativa relacionada con las experiencias vividas y compartidas con el otro, y una relación predominante basada en la categoría UE-ISSO. También hubo una experiencia impregnada de prejuicios y tabúes, en la que el diálogo entre padres e hijos, especialmente sobre la sexualidad, es escaso, revelando que los padres no reconocen la sexualidad de los niños con discapacidad. La escuela parece jugar un papel fundamental en la integración social de estos jóvenes y como mediadora en la relación entre la persona discapacitada y su familia. Se concluye que la escuela podría, por tanto, posibilitar la conquista de un lugar productivo para estos jóvenes en la sociedad, y promover la movilización de las personas para que puedan “ver” a la persona con discapacidad visual sin reducirla a la ceguera, es decir, posibilitando una relación con el ser total, que se define en la EU-TU



Resumo Francês:

L'adolescence se caractérise par des changements corporels et psychologiques, en plus des engagements personnels et professionnels, sexuels et idéologiques pris envers la société. Le but de la présente étude était de comprendre ce que c'est que d'être à l'adolescence pour les personnes malvoyantes. Sept adolescents malvoyants, âgés de 13 à 21 ans, ont été interrogés, dont cinq femmes et deux hommes, d'une école publique de l'intérieur de São Paulo. Pour l'analyse des témoignages, la méthodologie qualitative phénoménologique a été utilisée. La compréhension des discours s'appuyait sur la relation dialogique décrite par Martin Buber, qui pointe vers deux possibilités pour les êtres humains de se révéler dans le monde: la relation UE-TU (véritable rencontre avec l'autre, basée sur la réciprocité) et l'UE Relation -ISSO. (Contact de surface). Sur la base des résultats obtenus dans cette recherche, il y avait une pauvreté qualitative liée aux expériences vécues et partagées avec l'autre, et une relation prédominante basée sur la catégorie UE-ISSO. Il y a également eu une expérience imprégnée de préjugés et de tabous, dans laquelle le dialogue entre parents et enfants, en particulier sur la sexualité, est rare, révélant le fait que les parents ne reconnaissent pas la sexualité des enfants handicapés. L'école semble jouer un rôle fondamental dans l'intégration sociale de ces jeunes et comme médiateur dans la relation entre la personne handicapée et sa famille. On en conclut que l'école pourrait, par conséquent, permettre la conquête d'une place productive pour ces jeunes dans la société, et favoriser la mobilisation des personnes afin qu'elles puissent «voir» la personne malvoyante sans la réduire à la cécité, c'est-à-dire permettant une relation avec l'être total, qui est défini dans l'UE-TU