O objetivo deste artigo é fazer uma revisão
da evolução das relações entre a agricultura
e a economia no Brasil desde a década
de 1980 com interesse de enfatizar o que
consideramos obstáculos e oportunidades
surgidos desde então para a transformação
democrática do meio rural. O artigo mostra a
polÃtica macroeconômica dos anos 1980 como
condicionante do desenvolvimento agrÃcola e
rural, impondo ajustamento externo à economia
e à sociedade brasileiras, levando a agricultura
a ser constrangida a produzir consideráveis
superávits em sua balança comercial, visando
garantir o ajustamento da balança de pagamentos
do paÃs. A hipótese é que no meio rural, o projeto
neoliberal tem sido representado pelo chamado
agronegócio, considerado como um bloco de
poder, fortalecido desde aquele ajuste externo.
Porém argumenta que os principais protagonistas
do projeto democratizante no meio rural foram
os sem-terra, assentados e agricultores familiares,
nas lutas da década de 1990, com propostas
alternativas de desenvolvimento rural baseadas
na reforma agrária e no fortalecimento da
agricultura familiar. A atuação desses atores
sociais acabou conformando o reconhecimento
público da presença de “duas agriculturas†que
se autodefi nem como tal: a do agronegócio e a
da agricultura familiar.
The aim of this paper is to review the
development of relations between agriculture
and the economy in Brazil since the 1980s
with interest to emphasize what we consider
obstacles and opportunities that have arisen
since then for the democratic transformation
of the countryside. The article shows the
macroeconomic policy of the 1980s as
conditioning the agricultural and rural
development, imposing external adjustment
to the Brazilian economy and society, bringing
agriculture to be constrained to produce
substantial surpluses in its trade balance in
order to ensure the adjustment of the balance
of payments the country The hypothesis is
that in rural areas, the neoliberal project has
been represented by so called agribusiness,
regarded as a power bloc, strengthened since
that external adjustment. However the article
argues that the main protagonists of the
democratizing project in rural areas were
the landless, settlers and family farmers in
the struggles of the 1990s, with alternative
proposals for rural development based on land
reform and strengthening of family farming.
The action of these social actors formed the
public recognition about the presence of “two
agricultures†which defi ne themselves as such:
the agribusiness and family farming.