Alberto Caeiro e Manoel de Barros são redescobridores da natureza. As poéticas dos dois guardam semelhanças e dessemelhanças que vão além da opção de metaforizar ou filosofar acerca do objeto poético. O órgão de eleição dos dois é o olhar. Nada passa despercebido pela régua sem métrica. Nos seus poemas, a negação é jogo retórico para criar ressignificações poéticas. Caeiro diz: “Não tenho ambições nem desejos/ Ser poeta não é uma ambição minha/ É a minha maneira de estar sozinho” (OP, 206, p.203). Barros: “Não tenho pretensões de conquistar a inglória perfeita” (LSN, p.85). São diálogos como esses que tornam suas poéticas cada vez mais desveladas. Ao mesmo tempo, estabelecem relações paradoxais que mantém o poema como obra em pé.