O presente artigo almeja desenvolver um viés crítico de leitura para o debate acerca da religião como forma de alienação, a partir do cotejo teórico entre as filosofias materialistas de Feuerbach e de Lukács, esta de matriz marxista, tendo como parâmetro as categorias alienação, ser genérico e ser social. Pretendemos mostrar, num primeiro momento, como Ludwig Feuerbach formulou, a partir de uma crítica a Hegel, uma concepção de religião como forma alienada dos predicados humanos, como forma fantástica pela qual se manifesta a universalidade da espécie humana. Num segundo momento, partindo das considerações críticas de Lukács a respeito de Feuerbach e de Hegel, críticas estas que têm em Marx seu fundamento filosófico, pretendemos mostrar como, para o pensador húngaro, a religião é uma deformação ideológica da imagem humana do mundo derivada do processo material de autorreprodução da humanidade e da vida cotidiana, o que nos levará a concluir que o pensamento de Feuerbach representa uma virada ontológica ao sustentar a materialidade do ser, porém, há limites em seu pensamento, visto que ele não vê a atividade humana como atividade objetiva. Ao propor uma ontologia do ser social a partir do complexo do trabalho, Lukács estabelece estes limites e as possibilidades de sua superação. Para cumprir a proposta de estudo e exposição, agruparemos nossa pesquisa analiticamente em três momentos, a saber: i) exposição do conceito de religião em Feuerbach; ii) discussão das críticas de Lukács a Hegel e a Feuerbach; iii) análise do conceito de alienação religiosa em Lukács.
This article aims to develop a critical reading bias for the debate about religion as a form of alienation, based on the theoretical comparison between the materialist philosophy of Feuerbach and the marxist philosophy of Lukács, having as a parameter the categories alienation, generic being and being social. We intend to show, at first, how Ludwig Feuerbach formulated, from a critique of Hegel, a conception of religion as alienated form of human predicates, as a fantastic form through which the universality of the human species is manifested. In a second moment, starting from Lukács's critical remarks about Feuerbach and Hegel, which have in Marx his philosophical foundation, we intend to show how, for the Hungarian thinker, religion is an ideological deformation of world’s human image derived from material process of self-reproduction of humanity and daily life, which will lead us to conclude that Feuerbach's thought represents an ontological turning point in sustaining the materiality of being, but there are limits in his thought, since he does not see the activity human activity as an objective activity. By proposing an ontology of social being from the starting point of the work’s complex, Lukács establishes these limits and the possibilities of their overcoming. In order to fulfill the proposal of study and exposition, we will group our research analytically in three moments, namely: i) exposition of the concept of religion in Feuerbach; ii) discussion of Lukács' criticisms of Hegel and Feuerbach; iii) analysis of the concept of religious alienation in Lukács.